segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Segunda-feira

Um dia após o outro. Só que este, quente, muito quente...Daqui eu vejo as núvens branquíssimas se acumulando no azul majestoso do céu. Uma hora destas vai chover. E, por falar em chuva, amo o cheirinho que ela traz. Um fundo de orvalho, antes dos primeiros relâmpagos e trovões imporem respeito. Desde criança tenho faro aguçado para chuva. Amo!

domingo, 28 de dezembro de 2008

Último domingo do ano.

O domingo está valendo um post. Na verdade, todos os dias valem, mas nem sempre consigo driblar a falta de tempo e me sentar em frente a este computador para escrever. Já cedo, meu amore comentou como o dia acordou lindo. Pela janela da cozinha se via uma gravura bem-humorada do sol brilhando no céu azul límpido. Assim começou nosso dia. Meu, e dos meus dois amores.
Hoje, entendi que o conceito de biogênese faz todo sentido quando se refere ao que Deus faz na vida da gente. Ele não reforma pessoas. Este negócio de dar jeitinho, é coisa nossa. Ele faz é nascer de novo. Cria vida a partir da ausência de vida. Simples assim.
Ele quer a gente como se é. Cheio de rusgas, fétido e maltrapilho. Devolve a dignidade ao homem. Hoje me lembrei mais uma vez disso, do quanto me amou.
Faz muito bem, obrigada, abastecer a memória com estas lembranças. Assim não se esquece de que a vida é muito mais do que os olhos enxergam. Mais do que ilusões oferecidas pela sociedade, que a gente compra achando o máximo. Libertar-se das imagens faz um bem danado pra alma. Ah, se o mundo todo soubesse...
Mudando ligeiramente de assunto (mas continuando a falar sobre lindezas), o Gu está cada dia mais mocinho!
Hoje o dia teve 24 anos, porque curti cada horinha, valendo quase uma vida inteira. Gostoso viver, quando a gente passa a entender para quê se vive. E quanto mais simples, melhor. Igual pão com manteiga, mais simples e gostoso, não conheço.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Motim

Tem hora que a gente quer gritar ao mundo aquilo que sente mas não encontra palavras coerentes que façam justiça aos sentimentos. As palavras se enroscam formando um emaranhado de frases rasas. Daí, o que resta pra gente é suspirar. Um suspiro alto e profundo, que chegue até a caverna onde os sentimentos permanecem escondidos. Que lástima não conseguir arrancá-los dali. Mesmo que a gente se dobre e desdobre feito origami.
O que são as palavras que a gente usa? Como podem nos abandonar hora destas? Voltem! Haja vocabulário que traduza a diversidade dos sentimentos! Como verbalizar uma lágrima? E um sorriso?

"Um mesmo sentido muda de acordo com as palavras que o exprimem. Os sentidos recebem sua dignidade das palavras em vez de conceder-lhes esta dignidade."(Blaise Pascal)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

The Cafe Terrace on the Place du Forum, Arles, at Night, 1888 (Van Gogh)


Naquela noite de sexta-feira, senti as estrelas mais próximas dos homens. O céu atingira o tom marinho mais intenso que meus olhos já haviam testemunhado. Sentado no terraço frente ao Café, reclinei a cabeça em atitude contemplativa. As ruas da cidade estavam quase vazias. O cenário de introspecção se completava graças a luz pálida que escapava do interior das casas ao redor do estabelecimento. Ainda em êxtase, levei à boca uma xícara de chá que repousava sobre a mesa. Um aroma quente de jasmim percorreu o caminho até minhas narinas, precedendo o sabor marcante da bebida prestes a ser deglutida. Voltando a mim, notei um casal que caminhava no passeio público. Observei, curioso, suas expressões faciais a fim de desvendar o enigma daquela conversa íntima. A dama vestia um elegante vestido em seda turquesa à moda daquele ano de 1888. O porte delicado indicava tratar-se de uma jovem. Seu acompanhante aparentava um homem de meia idade trajado elegantemente para nossa época.
Pareceu-me interessante analisar o casal, visto que já explorara o céu e seus luminares em demasia. Por hora, dediquei-me por completo à nova ocupação. A penumbra se opunha entre mim e meu objeto de estudo, motivo pelo qual forcei os olhos na tentativa de capturar detalhes mais precisos. Ao meu lado, apresentou-se um rapaz franzino aparentando não mais do que vinte anos. Pele clara, olhos muito expressivos, porém pequenos. Senti certa melancolia naquele olhar subalterno e logo me condescendi à sua frágil figura. Em voz rouca me perguntou se gostaria de outra xícara de chá. Só então notei que trazia um avental amarrado sobre a camisa gasta, mas muito bem asseada. Abduzido por aquela nova distração, não me ocorrera que a xícara estivesse vazia. Meneei a fronte de forma afirmativa e reservei-me o direito de voltar ao meu estudo, que mal começara já havia sido interrompido.
Que singular a figura daquela mocinha. Ao longe não consegui construir a perfeita imagem de sua fisionomia, mas procurei deduzi-la a partir dos elementos que o luar me permitia conhecer. Busquei uma voz condizente com sua jovialidade. Muito provavelmente, casaria bem com um timbre claro e suave. Adoraria ouvi-la cantar. Quem dera a brisa fresca da noite me trouxesse uma amostra da sua voz!
O casal caminhava em direção ao Café, sem, contudo, esboçar aproximação. Temi que continuassem em frente, não atraídos pelo aroma exótico das bebidas quentes consumidas pelos frequentadores do local. Minha suspeita se confirmava conforme avançavam pelo passeio público.
Neste ínterim, o rapazola voltou trazendo uma nova xícara de chá fumegante. Apressou-se em servir a bebida de modo gentil. Dispensei-lhe pouquíssima atenção, pois não conseguia me desvencilhar daquela desconhecida que roubou meu interesse pelas estrelas. Cético, acompanhei os passos do casal enquanto se afastavam do meu campo de visão. Que triste fim para um devaneio que começara tão promissor. “Eu a perdi! Eu a perdi!” Revoltado, lamentei minha falta de sorte. Eu poderia tê-la visto frente a frente e conhecido os detalhes de seus traços. Quem sabe escutaria o teor da conversa entre os dois transeuntes, desvendando o mistério em torno daquela relação. Decerto, perdi a oportunidade de responder aos questionamentos obtusos da minha mente.
Desanimado com a idéia de criar novo passatempo para enquanto durasse aquela segunda xícara de chá, voltei minha atenção ao céu e às estrelas que se exibiam naquela noite de sexta-feira.
(Priscila P. Mendes)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Feito gente e gato

Como de costume, levantou-se da cama um tanto esquizofrênico. Estava para poucos amigos. Arqueou as pestanas cerradas e alisou os pelos do bigode. Um hábito matinal. Desejou um pouco de leite e logo ganhou o chão frio do quarto. Chegando à boca da cozinha, lembrou-se do prato. Diacho, onde o haviam colocado? Rodopiou pelo chão de porcelana branca e num só movimento, alcançou a bancada. O prato pintado à mão se estatelou no chão, produzindo uma chuva de pequenas setas pontiagudas. Esses doidos ainda me matam! Parecia dizer com os bigodes encostados nos cantos da boca. Um sorriso indiferente se formou ponta a ponta no rosto amassado.
Ia me esquecendo de contar que o ato espalhafatoso na cozinha gerou certo alvoroço no quarto vizinho. Ouviu-se dali uma exclamação na voz aguda de mulher, ainda atordoada de sono. Quase em uníssono, uma voz masculina procurava pelo autor da façanha. Tateava inultilmente a cama, esperando encontrá-lo. Os dois coitados, arrancados do aconchego proporcionado por uma pesada manta de patchwork, correram até a cozinha, onde encontraram o gato de olhar meigo e bigodes franzidos, como que se justificando por aquele ato falho.
Ambos se comoveram com a patética cena. A moça se inclinou em direção ao felino que, se fosse gente, teria como dar de ombros (porque parecia não se importar). Mas como era gato, caprichou num miado que soou como um irresistível pedido de desculpas. Querido, o importante é que não tenha se machucado, disse ela com gestos maternais. O homem se apressou em tirar todos os pedacinhos de perigo que recobriam o chão. Mais uma vez, o bichano afundou-se nos braços roliços de sua mamãe postiça e recebeu todo o carinho e atenção que a vida lhe reservara.
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Era uma manhã de sábado. A luz invadira seu último sonho. Ele se levantou enjoado de dormir e como de costume, foi serelepe até a sala de estar. Oba, já é dia! O cabelo espetado alegrava o rosto marcado de cama, conferindo-lhe um ar engraçado. Ainda se aconchegava no sofá de veludo enquanto os dedinhos ariscos procuravam o controle remoto da televisão. Naquele momento foi que percebeu um ruído no fundo do estômago. Estava faminto. Dirigiu-se até a cozinha a passos curtos, tocando o chão gelado de porcelana branca. Cantarolava alguma música.
Lembrou-se de que da noite anterior sobrara um pedaço de bolo gostoso. Era de milho ou de fubá? Sei não, concluiu sozinho. Mas sabia que estava bom toda a vida, e nada mais lhe interessava no mundo, além daquela porção de delícia. Acho que consigo pegar sozinho! Concluiu com total confiança. Espichou o corpo curtinho o máximo que pôde até que seus pés quase nem mais tocassem o chão. Que grande aventura, pensava consigo fazendo ares de importante. Foi quando, fugindo ao controle, o prato pintado à mão mais o bolo amarelo voaram bancada abaixo. O prato estatelou-se em mil pedacinhos. Essa não! O bolo virou farofa doce misturada aos cacos de vários tamanhos espalhados pelo chão. Ai, e agora? Repetia inconsolável. E ainda estava descalço. Os olhos ameaçavam romper em pequenas lágrimas.
O estrondo repentino surtiu efeito no quarto vizinho. De lá partiram vozes abafadas. A mulher balbuciava palavras com pouco sentido, em tom azedo. Puseram-se em pé, homem e mulher, ainda sem vontade de abrir os olhos. Arrastaram-se até a cozinha e vislumbraram o ocorrido. Era o filho desajeitado. Mas que menino, nunca aprende! Não sabe que é perigoso entrar na cozinha, sozinho? E ainda descalço! Esbravejaram formando rugas na testa. O garoto se encolheu, ficando até menor do que seu tamanho real. Desculpa! Olhou tímido para os dois à porta da cozinha. Chegou mais perto, esquivando-se do medo. Enlaçou seus heróis pelas pernas, complementando o pedido anterior . Desconcertado, o casal retribuiu o carinho do garoto com um abraço demorado.
O gato parecia alheio ao episódio contracenado pela família Souza. Aquecido pela manta de patchwork, miou desafinado porque estava com fome.

(Priscila P. Mendes)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

(ah...)


Cansada de superficialidade. Intelectualidade. Formalidade. Panelinhas. Picuinhas. Diferenças.
Venhamos e convenhamos que tudo isso é muito, muito chato.
Estou à procura de outro horizonte. Simples de tudo. Onde eu seja tão somente eu. Aceita de cara lavada. Alma nua. Frases curtas.
Liberta da forma. Da estrutura. Do padrão. Dos achismos e preciosismos.
Para falar sobre um cheiro-amarelo. Uma menina banguela. Um dèjá vou.
Ah...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Chega!

Estou tal que, meu cérebro encontra-se intransitável. Congestionamento dos brabos, amigo! São vários pensamentos na contramão, idéias em fila-dupla... Tantas sinapses ao mesmo tempo, que chego a temer um colapso neuronal. Esqueceram de instalar semáforos nos pontos onde existe maior convergência de informações. E eu que prefiro mil vezes caminhar a passos coordenados, fico a mercê de um trânsito mental caótico. Culpa do senhor raciocínio, que corre acima da velocidade permitida em via expressa e capota na primeira curva!

Pausa.

Do outro lado do hemisfério (cerebral), está um lugar de descanso. À beira do caminho, sorri uma tímida ruela, ornada com arvoredos verde-piscina e um céu de azul-oceano. Em lugar de asfalto, estende-se um tapete aveludado, gostoso de pisar com os pés descalços. Fumaça, poluição e o estrondo desafinado das buzinas não chegam ali. Para lá o vento carrega a voz doce e aguda da criança, enquanto arrisca seus primeiros passinhos. Não passam caminhões carregados de cobranças e chateações... A passagem é destinada aos pedestres que caminham pela vida sem pressa. Ah, que beleza! Como não encontrei antes este bucólico caminho? Preciso mudar meu percurso, deixar de lado esta pressão descarada que me obriga a pensar mais do que viver!
Para começar, melhor deixar de prosa e colocar o cérebro em ponto morto. Ao menos, até amanhã de manhã. Boa no...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Inverno

There will be winters in the seasons of our soul
With a cold and bitter wind that chills our lives
But our faith can be building a fire
That will warm us till springtime arrives

No Doubt (PETRA)



"Uma pequena fé levará tua alma ao céu; uma grande fé trará o céu para sua alma."

(Charles Spurgeon)



Sem crise não há fé.

domingo, 16 de novembro de 2008

Construção

Olho para dentro de mim e vejo um terreno em obras. Concreto, entulhos e poeira pelo caminho. Desconstruir para construir...

Imagem
(Beto Tavares)

Pedaços em barro, cacos, retalhos
Restos de coração quebrado
Minha vida nas mãos do oleiro
Matéria-prima do seu trabalho
Mãos do artista dedicado
Que me toca e me faz inteiro

Como é incrível, me sinto amado
Tão aceito ao estar ao seu lado
Vem me dar outra chance
Me transforma, me refaz

Estou aqui, outra vez
Só em você eu encontro o meu destino
Foi você quem me fez
Preciso do seu conselho, do seu ensino
Diante de você me sinto
Como um menino

Eu me encontro quando te encontro
Sou restaurado lentamente
Minha imagem à sua imagem
Sou seu filho e quero estar pronto
Ser trabalhado constantemente
Como barro numa moldagem

De repente eu sou vaso novo
Seu sangue, sua carne, seu povo
Sua identidade, seu fruto, seu gozo

Os seus sonhos pra mim
Planos de paz pra me dar um novo futuro
Seu amor não tem fim
Com você andarei e estarei seguro

Vem me encher, transbordar
Com seu óleo puro

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Outubro, Primavera, 2008


Noite quente de quinta-feira. Meu rebento já dorme, ninado por anjinhos que cercam seu berço. No ar, notas de uma música embalando a noite que se acomoda ao fim de um longo dia. Enfim, um momento para baixar a poeira... Cá estou, olhando para trás. Pelo retrovisor avisto um ano que começou embaraçado por incertezas e que ensaia seu fechamento, daqui a parcos dois meses. Como sinal, os panetones já preenchem as prateleiras dos supermercados e as lojas se enfeitam com pinheirinhos de plástico e luzes multi-cores piscantes.
Parece que ontem, o ano começou...
Adentramos o convidativo 2008 com uma expectativa pulsante no coração. Tínhamos um bebê em nossos braços. Um serzinho tão desejado e amado. Mal completara seus seis meses de existência. Sonhávamos com a cirurgia definitiva que lhe daria força para viver. Este momento chegou ao segundo mês do calendário, reservando para nós muitas surpresas, assombros e júbilo.
Não é novidade dizer que este ano tem girado em torno do Gustavo (é só conferir os posts anteriores...). Investimentos, planos e orações se voltam para nossa criança. Mas, também, existem outras aspirações, sonhos e desejos que repartem com ele, o espaço em nosso coração. Um deles, que ganhou força nas últimas semanas, é minha volta à bancada. Por algum tempo pensei ter aposentado o jaleco e enterrado o traquejo com pipetas. Mas Deus reserva surpresas para a gente: I’ve come back!
De novo as cobranças, os experimentos que não dão certo e aqueles que surpreendem por saírem melhor do que a encomenda. Não falta o frescor da expectativa renovada para a nova fase que ascende. Voltei a sentir friozinho na barriga! O mesmo do doutorado... Vai ver, ficou incubado no celoma...
Enquanto isso o ano se despede antecipadamente, no comércio das ruas e nos shoppings adornados. Os dias se abreviam nesta geração, nenhuma surpresa.
Gravuras que ficaram impressas no caderninho das memórias: o primeiro aniversário do Gustavo... A suspensão da batelada de medicamentos para o coração... Os momentos de brincadeira a três nos finzinhos de tarde. Amo-te, pequena e valiosa família!
E como o ano continua nos reservando emoções, vamos ao que interessa; viver do maná que Deus provê em doses diárias, sem abraçar o pacote de ansiedades que nos reserva o amanhã. Afinal, ainda temos dois meses pela frente... Coragem!
Paradoxalmente, fala-se em crise econômica mundial. Especula-se um agravamento para 2009. O mundo se contorce frente a esta palavrinha de duas sílabas. Que caótico cenário! Contudo, a provisão do maná nunca faltará no âmbito desta casa.
Nesta noite, que vai alta, descansarei nesta promessa.

Até mais...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Uma cena muito louca...




“(...) Porque não há outro Deus que possa salvar como este.” (Dn. 3:28)

Foi do rei Nabucodonosor (antiga Babilônia) que partiu esta constatação, ao testemunhar um fato que desafiou qualquer lógica: três homens foram lançados nas labaredas de uma fornalha, porquanto, quatro homens podiam ser vistos passeando pelo fogo. Três homens e um anjo, diga-se de passagem. E, nem um fio de cabelo queimado.
Realidade que ignorou todas as leis da física, química e biologia. Loucura? Normal é que não foi.
Deus desafia a lógica das leis naturais e, quase sempre, contradiz a nossa boa e velha razão. Ele age como, quando e onde quer. Nada se compara ao agir das Suas mãos. Ele sempre foi e será inexplicável! Quem pode compreender a mente do Senhor? Ninguém.
UFA... Por aí vejo que posso descansar de tentar entender o agir de Deus! Guardar meu coração de se inquietar com o porquê das coisas, e não duvidar de um Deus muito maior do que as obviedades.
Nem sempre é fácil somente descansar, principalmente dentro da fornalha acesa...É uma questão de decidir, mesmo. Entregar-se!
Ele permite o fogo. Socorre na prova de fogo. A mim, basta compreender que Ele é Deus.
No mais, faço minhas as palavras daquele rei babilônico: Não há outro Deus que possa salvar como este...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

...É viver por toda a eternidade

Eu não tenho explicações para as experiências que passamos com o Gustavo, em seus primeiros meses de vida – e nem pretendo tê-las. Porém, o que sei, é que o sofrimento, as lágrimas, o medo e as súplicas transformaram-se em uma certeza ainda maior, de que fizemos a escolha mais lúcida da nossa vida, ao entregar nosso coração para Aquele que é Eterno. O Senhor, quem nos amparou até quando nossos pés vacilaram.
O resto, (leia-se tudo que for externo), é mero detalhe. Ou, como diria um professor sabichão que conheci, é “encher de florzinha”.
Dez leprosos foram miraculosamente curados por Jesus. Nove deles, estupefatos, correram ao encontro de seus familiares para compartilhar a alegria da cura. Apenas um deles se lembrou de agradecer, voltando-se ao Autor do milagre. Sempre penso que este homem compreendeu a mensagem do “bem maior”.
Almejo alcançar a fé e a sabedoria do ex-leproso samaritano. Afinal, as florzinhas desbotam e perdem sua beleza. Existe um “bem maior”...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Escrevo, enquanto existo

O que mais posso fazer na vida, senão escrever? Escrever, escrever, escrever... Dar vazão aos meus acessos, e dedicar-me a estes excessos que já não cabem somente em mim.
Escrever sobre amores? Que tal, conheço-lhes bem? Sim, certamente! Eis uma boa pedida! Mas, que nada... Estou tranquila neste departamento. Nada de dores ou dilemas que me tornem uma engenhosa artista, daquelas que arrancam lágrimas de prazer do leitor, inconsolável pelo amor reprimido. Mas ainda me resta escrever sobre as mazelas de um amor imaginário, do sentimento abstrato, das divagações de porta de botequim. Nada disso! Sou incapaz de alcançar tamanha genialidade.
Inspira-me a frivolidade da vida? O ser humano descartável; objeto de escárnio da sociedade moderna. Pesado demais para mim este tema. Receio entrar nele e sair de muletas, capengando numa filosofia demagoga. Decerto, terei material suficiente para preencher incontáveis folhas em branco e deliciarei meu espírito, ávido por devorar um dragão, mas... Recuo!
Que tal usar como material meus dramas pessoais? Minha busca, minha fuga, as frustrações do meu passado, a inconstância do meu presente, a incerteza do meu futuro... Arre! Para que escrever uma tese sobre mim? Estou lúcida o suficiente para encarar que sou normal, e pessoas normais não viram temas de romances (aqui cabe uma observação: o que é normal?).
Existem outros temas que façam jus a um poema? Tantos quantos já existem e há séculos são eloquentemente explorados. O que sobrou de criativo e inovador para este mote?
Cheguei ao fim, sem ao menos encontrar o começo do labirinto. Sei que quero escrever, sem, contudo, saber sobre o quê deveria...
Tarde demais para escrever sobre fadas, príncipes, princesas, bruxas e animais falantes. Cedo demais para escrever uma antologia ou biografia.
Penso apenas sobre o que sinto agora: sinto todos os sentimentos juntos, embalados por uma alegria autêntica, incontida.Esqueço-me das impiedades, banalidades e obscuridades da vida. Ao menos agora, finjo não ver a hipocrisia e falsidade reinante neste universo hostil. Entrego-me a escrever sobre nada, além desta alegria...
Alegria de escrever, de colocar em sequência as palavras, sem intencionalidades, sem responsabilidades, sem peso, nem culpa. Sou apenas os dedos que passeiam livremente pelas teclas do computador.
E, grosso modo, isso me basta para continuar escrevendo. Com ou sem público.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Prece

Ao que, à própria sorte, lançou seus pedidos
E afogado em delírio ouviu retornar,
O eco de seu clamor, solitário e triste
Até que por fim, desistiu de esperar,
Acreditando receber da vida, apenas desventura

Talvez haja um sopro de mudança à vista
Quando o sol primaveril romper no céu
Em suave alarido, se fizer ouvido
Ao invés de silêncio, sons alegres de festa
E quando esse tempo chegar, permita-se iluminar!

No clarão que o invade, exponha seu íntimo receio
Acalente a esperança em teimosa valentia,
Lance mão de todo inútil preconceito
E se surpreenderá com sua prece respondida

(Priscila P. Mendes)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Ampulheta

Contra

Contra - ponto
Contra – regra
Contra - baixo
Contra -fluxo
Contra-mão
Contra-parte
Contra - capa
Contra-ataque
Contra-o-vento
Contra - indicação
Contra -corrente
Contra -senso
Contra-feito
Contra-dito

Contra -tudo

Sou
Avesso
do mundo?
(Priscila P. Mendes)

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Flores



Em minha poesia cabem flores
Azaléias, petúnias, frésias
Todas quantas!
Além de seus amores
Seduzidos por suas cores
Peroladas, aveludadas, onduladas
Amantes polinizadores
Borboletas, formigas, beija-flores
Que eternizam seus encantos
Em gracioso movimento
Somam vida e esperança
Às linhas deste pensamento
(Priscila P. Mendes)

terça-feira, 29 de julho de 2008

Certezas


Sabe que te amo?
Sem reticências ou exclamações
Logo ao nos conhecermos,
Acordei para o desejo
De ouvi-lo e vê-lo, mais uma vez,
todos os dias
Porque você aportou cavalheiro,
mas sem rodeios
Envolveu-me com sua ternura
E personalidade verdadeira
Que resolvi devolver-lhe esta doçura,
Durante a vida inteira
Porque você atrai estes sentimentos,
E Instiga meus pensamentos;

Sabe que te amo?
Sem frescura ou fantasia
É real e graças a Deus por isso
Não faz estilo amor de poesia,
Está mais para uma prosa bem vivida,
Construída e alicerçada em fatos;
Não duvide, esteja certo disso;
Você é meu compromisso,
selado e assinado.

Sabe que te amo?

(Priscila P. Mendes)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Mães de UTI

"Hoje, acordei pensando em um grupo de mulheres que me marcou profundamente. São as mães de UTI. A despeito da realidade que não escolheram viver, são mulheres comuns às demais mulheres. Não esperava conhecê-las nas circunstâncias em que as conheci, pois ninguém espera internar um filho nos seus primeiros dias de vida. Porém, Deus nos colocou ali, na mesma sala de espera da UTI. Conforme as conhecia, mais as admirava. Ao ouvir suas história, sentia-me pequena, frente ao tamanho da força daquelas mulheres, desprendidas de superficialidades. Não via amargura em seus rostos abatidos, nem escutava palavras de revolta saírem de seus lábios. Apesar das más notícias, a fé e a esperança não se dissipavam, e muitas vezes, notei que sofriam em silêncio. Diariamente, viam-se confrontadas por incertezas quanto ao desconhecido. Tempo ruim era não estar ao lado de seus filhos queridos. Por maior a tristeza que carregassem no coração, seus semblantes se iluminavam ao avistar seus pequenos guerreiros, e delas, fluíam palavras ternas e encorajadoras. Fortes, mas humanas, passíveis de cansaço físico e emocional. Vúlneráveis aos repentes de questionamentos pessoais. Mesmo as maiores fortalezas estremecem. Compreensivelmente, falíveis. Mulheres de alma doce e valente, tais quais seus pequenos vencedores. Não esperam aplausos pelo altruísmo desprentencioso.
Hoje, acordei pensando que a vida é mais do que isso que vivemos.
É muito mais...".
Às mulheres lindas que se tornaram AMIGAS, em um dos momentos mais difíceis da nossa vida...
“Tudo que não é eterno, é eternamente inútil”.
(C.S. Lewis)

sábado, 12 de julho de 2008

Poesia


Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.

Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.


Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.


Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,


Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.


(Sophia de Mello Breyner Andresen)

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Sonhos



Eu gostaria de ter um “pé de idéias”. Assim como existem pés de ameixa, manga e caqui. Uma árvore de onde brotassem idéias a qualquer hora do dia e em todas as estações do ano. Que mesmo a estiagem ou chuva intermitente, não inibisse a floração e crescimento de seus frutos, desenvolvendo-se sempre viçosa, em todos os tipos de solo, sejam áridos, úmidos, fortes ou fracos.
Se conseguisse sua semente, eu mesma a plantaria, regaria todos os dias, até que surgissem os primeiros brotos, e a planta pudesse ser podada. Prepararia várias mudas e as distribuiria para as pessoas, sem distinção de classe social, aparência ou inteligência. Decerto, esta árvore teria uma copa frondosa, que refrescaria nossa memória nos dias mais difíceis. O tronco seria resistente, suas raízes profundas e suas sementes, sempre férteis. Suas flores rústicas, de um branco pungente, desabrochariam singelas, dando vazão ao único fruto, pequeno. No seu interior, este fruto modesto conteria uma idéia criativa e honesta, capaz de melhorar a vida de quem o encontrasse.
O fantástico, seria que onde quer que estas árvores fossem plantadas, as idéias se espalhariam como o pólen de suas flores. Seu efeito seria diferente para cada indivíduo: o cirurgião desenvolveria uma nova técnica, ainda mais eficiente, que salvaria a vida de seus pacientes; o cientista chegaria em um protocolo excepcional para uma nova terapia; o arquiteto criaria um projeto sem igual para urbanizar uma grande cidade; o professor cativaria seus alunos com muita didática e criatividade; a criança inventaria brincadeiras novas e divertidas para distrair-se com outras crianças. A humanidade desfrutaria de uma realidade sem miséria e violência, porque a desigualdade seria extinta de nosso meio.
Mas, chegaria o dia, que por obra da própria natureza, um dos frutos amadureceria rápido demais, apodrecendo ainda no pé. A idéia em seu precioso interior, outrora pura e sem malícia, seria corrompida, ficando à espera de alguém que por descuido, a tomasse para si. Infelizmente, este alguém poderia ser qualquer um, inclusive eu. O resultado seria catastrófico. As idéias egoístas se espalhariam ainda mais rápido pela Terra e anulariam o efeito das idéias boas que porventura surgissem. A natureza humana colaboraria para que a ganância pelo poder se sobrepujasse às idéias simples, colocando-as como loucas aos olhos humanos.
Os homens, então orgulhosos, ostentariam suas idéias e se negariam a compartilhá-las para o bem da humanidade. Restaria apenas uma medida radical: as árvores precisariam ser cortadas pela raiz, para que as sementes contaminadas não se disseminassem. Contudo, nenhum homem saberia distinguir entre as árvores sadias daquelas doentes, por melhor que fosse sua intenção. Esta árdua tarefa teria que ser confiada a um jardineiro experiente, que solucionasse o problema, sem prejudicar as árvores saudáveis, de onde ainda poderiam brotar idéias decentes. Suas mãos habilidosas teriam a sensibilidade necessária para tocar sem destruir. Certamente, para concluir sua obra, daria seu próprio sangue. Afinal, a humanidade encontraria salvação!
Esta história me parece familiar, não só porque surgiu do devaneio de uma sonhadora. Acho que o “pé de idéias”, já existe.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Aprendendo

Esta é para o meu Gu, com quem eu brinco todos os dias. Estou tentando ensiná-lo a juntar as letrinhas e as notinhas... Que mãe mais exagerada! Deixa o filho brincar...

Eu canto ou falo?
Falo ou canto?
Acho que os dois!

A palavra é tal como a canção;
E as letrinhas lembram notas musicais

Separadas, mas, em seqüência;
As notas formam uma escala
Se combinadas entre si,
Que beleza! Nasce uma canção;

As letras, uma a uma, em seqüência
Eis o abecedário!
Combinadas entre si,
Veja essa! Nasce uma palavra;

Por isso, cantar ou falar,
Tanto faz!
Na dúvida, faço os dois.

De volta...

Depois de um mês ausente, uma passandinha pelo blog...
Estou ficando viciada em ler bons livros, ávida por um história bem conduzida. Ganhei “Os Fios da Fortuna” no sábado, e não consegui parar de lê-lo enquanto não cheguei na última frase. Devorei-o rapidinho! Tive que ter criatividade para encontrar tempo, afinal, vida de mãe é imprevisível.
O romance, de Anita Amirrezvani, mergulha num mundo rico em emoções e história. Viajei na cultura persa do século XVII. Lamentei a sorte da tapeceira sem nome, mas também vibrei com sua coragem e persistência. É, vale a pena lutar. Valeu a pena ler!
Já estou à caça da próxima leitura...Candidatos interessantes não faltam...

ACEITO SUGESTÕES!

“A liberdade se conquista com o exercício da criatividade.”
Sherazade, em “As Mil e Umas Noites”

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Os dois horizontes


Dois horizontes fecham nossas vidas:

Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro, —
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.

Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais.
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.

Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.

No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.

Que cismas, homem? — Perdido
No mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem? — Procuro,
Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.

Dois horizontes fecham nossa vida.

(Machado de Assis)

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Confissão


Ich lieb Dich …Yes kez sirume …Obicham te …Soro lahn nhee ah …
Ngo oiy ney a...T'estimo…Sarang Heyo….Mi aime jou…
Volim te…Jeg Elsker Dig…Ik hou van jo
I love you …Lu 'bim ta…Ljubim te ...Te quiero...Mi amas vin ...
Ma armastan sin ...Afgreki' ...Eg elski teg …
Doset daram …Mahal kita …Mina rakastan sinua …
Je t'aime …Ta gra agam ort …S'agapo …Aloha wau ia oi …
Szeretlek …Hum Tumhe Pyar Karte hae …
Saya cinta padamu …Taim i' ngra leat …Ti amo …
Aishiteru …Es tevi miilu Bahibak …Tave myliu…
Ana moajaba bik... Jeg Elsker Deg…Doo-set daaram ...
Kocham Ciebie ...Te ubesk ...Ya tebya liubliu...
Volim te ...Jag alskar dig ...Wa ga ei li ...Ua Here Vau Ia Oe ...
Seni Seviyorum ...Ya tebe kahayu ...

... Amo-te.

domingo, 8 de junho de 2008

Pelas ruas da cidade...




Nostalgia...uma mania nacional. Talvez sempre tenha sido, e eu pense ser a última moda... De fato, fazemos jus ao jargão "recordar é viver", como se o ontem fosse melhor do que o hoje pelo simples fato de não mais existir. E, este espírito retrô contagia!
Não sei até que ponto isto se torna uma fuga, mas concordo que certos trechos vividos ficam guardados na memória e que, quando resgatados, tornam-se lembranças deliciosas... Outro dia mesmo, passei por uma experiência do tipo “túnel do tempo”, com direito a flash back e muito saudosismo.
Esta viagem ao passado teve início quando resolvi passear com meu filho, pelo centro da cidade...
Lá fomos nós, numa manhã fresca e ensolarada, enfrentar as calçadas estreitas e o vai-e-vem apressado dos que circulam pela rua Barão de Jaguara, uma das mais conhecidas de Campinas. Uma aventura para quem está conduzindo o filho bebê em carrinho de passeio!
Embora não tenha nascido em Campinas (sou uma sorocabana-campineiríssima), familiarizo-me com estas ruas amontoadas de lojas e prédios comerciais, que transformam o espaço numa miscelânea de estilos e propósitos.
Passei pelo mini-mercado, e sem pensar duas vezes, adentrei este mundo de cores, aromas e burburinhos. Pessoas, e mais pessoas. Barracas, e mais barracas. Todo tipo de delícias que esta terra possa produzir: manga-rosa, banana-nanica (gigante...) e outras frutas interessantes. Também vi diversos legumes e verduras de cores vibrantes . Encontrei a barraca de pastel, onde uma propaganda entusiasmada anunciava o de bacalhau como principal atração. Não faltaram as senhorinhas de lenço na cabeça, aqui e acolá, conduzindo seus carrinhos de feira, ao conferir as ofertas do dia. Quando criança, esta simultaneidade de imagens e sons me hipnotizava!
Enfim, cheguei na barraca preferida de todas as infâncias do mundo: o paraíso dos doces e outras guloseimas. Não resisti ao apelo das minhas lembranças e fiz o que há anos não fazia: enchi uma bacia com balas 7 Belo, Chita (de abacaxi) e Dadinho. Procurei a Maluquinha (sabor côco queimado), mas não achei desta vez. Será que não a fabricam mais?
Ao degustar a primeira bala me senti moleca; era o gosto da nostalgia invadindo minha boca e depois minhas memórias esquecidas.
Ao lado do mercadinho, ainda sobrevive uma destas galerias antigas. Não me lembro quais lojas estavam lá há vinte e tantos anos atrás, mas sei com toda certeza, que freqüentemente acompanhava meu pai até a barbearia que ainda ocupa um espaço ali, e que conserva a mesma fachada, os mesmos sofás e talvez, os mesmos barbeiros.
Uma barbearia, portanto, os principais freqüentadores eram homens que aparavam a barba ou as madeixas. Nada de especial. Quer dizer, para mim sim, era especial; ficava orgulhosa quando meu pai me levava com ele, de mãos dadas pelo centro da cidade, para fazer compania e também para conversar. Ao chegar lá, sentava-me no sofá e logo corria os olhos pelo salão para confirmar que eu era a única “moça” do local (imaginem, uma moça de seis anos...). Quase sempre comprovava satisfeita que sim; a única mulher naquele universo masculino! Que curioso...Hoje, não entendo qual o encanto de estar numa barbearia em que eu fosse a única a não aparar o bigode ou fazer a barba, mas na época isso era divertido. Por certo, gostava de estar ali para folhear as revistas “Manchete”, cujo slogan - “Aconteceu, virou Manchete” – muito me lembra a atual “Caras“.
Estes momentos de puro sentimentalismo me fizeram bem. Parece que de vez em quando é preciso puxar algumas fichas arquivadas na memória, já que os dias modernos são tão descartáveis quanto um lenço de papel. Mas afinal, o que mudou? Foram os tempos, ou foi a gente?
Acho que tudo mudou e ao mesmo tempo, nada mudou. Complicado? Também acho!
Embora este revival seja cativante, viver o presente é bem melhor! Não tenho alma de fóssil. Mas curto paleontologia...

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Lembrança

Minúsculos grãos de areia escapam entre os dedos da mão
Misturam-se ao tapete arenoso que forra meu chão...
Desenhos esboçados nas nuvens com textura de algodão
Ondas do mar que se quebram violentas no costão...
No calor da tarde, a brisa sopra inspiração
Uma idéia, um estalo, imaginação
A rima é pobre, mas a lembrança não...

(Priscila P. Mendes)


quarta-feira, 21 de maio de 2008

Onze meses

Hoje comemoramos onze meses de vida do Gustavo.
Há onze meses este filho chegou para nos encantar e ensinar. Ensinar que sofrer e chorar faz parte da vida e que perder batalhas não implica em perder a guerra. É o que temos aprendido, desde que fomos apresentados ao nosso pequeno Gustavo, naquela fria manhãzinha de junho- a primeira manhã de inverno de 2007.
Dias depois, nosso bebê nem havia completado seu primeiro mês de vida, descobrimos que algo não ia bem. Lembro-me claramente de quando ouvimos o primeiro diagnóstico para o, até então, desconhecido problema de saúde do Gu: cardiopatia congênita . Era uma tarde chuvosa. O céu chorava, e nós também.
Quando pensávamos que já sabíamos tudo, a bomba: a cardiopatia era maior do que revelara o primeiro diagnóstico. Naqueles breves instantes que sucederam a notícia, perdemos o chão sob nossos pés. Lembro-me de engolir em seco enquanto olhava atônita para o André. O susto nos fez esquecer de chorar.
Em sequencia vieram as três cirurgias . A segunda não fazia parte do plano traçado pela equipe médica, mas teve que acontecer em caráter de urgência. Que sufoco! Foram dias e noites de grande expectativa.
Cada uma das internações do Gustavo nos reservou emoções e experiências únicas. As cenas, nítidas na memória, remetem às pessoas, palavras, sensações e sentimentos vivenciados nos corredores do hospital Beneficência Portuguesa. Quantas vezes cruzamos os corredores da UTI com passos apressados, buscando na memória, letras de canções que fortalecessem a fé e confortassem a alma, então mergulhada num misto de angústia e esperança. A linha que separava estes sentimentos era muito tênue.
Havia momentos, e não foram poucos, em que nos sentimos literalmente carregados por uma mão invisível, na qual encontrávamos sustento e descanso. Sabíamos que esta graça maravilhosa era resposta às orações feitas a Deus, por amigos, familiares e tantos outros que, mesmo sem nos conhecer, juntaram-se ao fronte para lutar conosco. Cremos no poder sobrenatural das orações feitas ao Pai, em nome de Jesus.
Tão cedo, descobrimos em nosso filho um forte e alegre guerreiro, mesmo que aparentemente frágil e abatido. Seu sorriso meigo clareava o horizonte das nossas expectavivas.
Tivemos o privilégio de sair do hospital com o Gustavo se recuperando bem, nas três vezes em que foi operado. Cada alta médica significava o maior acontecimento de nossas vidas. E como era delicioso voltar para casa!
Graças a esta "escola", aprendemos a valorizar pequenas vitórias com o mesmo entusiasmo que as grandes, tal como a que tivemos recentemente: o cardiologista do Gustavo concluiu, após avaliação clínica, que não há mais necessidade de medicação. Seu coraçãozinho está, enfim, curado!
Que reviravolta! Meses atrás, o mesmo médico havia nos dado o diagnóstico e alertado para a gravidade do caso. Não poderíamos prever, naquela ocasião, que um dia experimentaríamos tamanha felicidade naquele mesmo consultório.
Diferente da primeira consulta, esta última aconteceu numa manhã ensolarada de outono.
Fomos surpeendidos pela alegria...
Entre dias de tempestade e outros tantos de sol, já se passaram onze meses. Até aqui nos ajudou o Senhor.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Nota - O Cravo e a Rosa





Uma nova versão para este caso:

Disseram que o Cravo brigou com a Rosa. Mas um grilo-falante me confidenciou que não foi bem assim. Eles apenas discutiram a relação, que, aliás, vai muito bem obrigado. Também disseram que foi bem ali, debaixo de uma sacada. Existem controvérsias. A joaninha afirmou categoricamente que tudo aconteceu no canteiro das flores, ao lado da placa de “Proibido pisar na grama”. E para completar, os sensacionalistas de plantão espalharam ao vento que o Cravo saiu ferido e a Rosa despedaçada. Nada disso. Ao cabo da longa conversa, nada mais aconteceu, se não um beijo de reconciliação. Por fim, o Cravo e a Rosa, encabulados, resolveram processar o bem-te-vi por difamação.

domingo, 11 de maio de 2008

Sunset


Linda poesia. Linda canção composta pelo Stênio Marcius.
Amo fim de tarde. Pôr-do-sol. Nuances de cores que se misturam às nuvens dispersas. É a volta para casa, o reencontro...

Fim de tarde no portão
A cabeça branca ao relento
Teimosia de paixão
Faz das cinzas renascer alento

Na estrada o seu olhar
Procurando um vulto conhecido
Espera um dia abraçar
Quem diziam já estar perdido

O seu amor é tão forte
Mais que o inferno e a morte
São torrentes que arrebentam o chão
Mais fácil secar os mares
Apagar a estrela Antares
Que arrancar o amor de seu coração
Fim de tarde se debruça no portão

Mas um dia aconteceu
E o moço retornou mendigo
O pai depressa correu
E abraçou o filho tão querido

Tragam roupas e o anel
Calçem logo os seus pés, milagre!
Vinho do melhor tonel
Tanta alegria em mim não cabe

O seu amor é tão forte.....Fim de tarde, está deserto o portão

segunda-feira, 5 de maio de 2008

"Religare"

Religiões acompanham o homem bem antes do que os registros históricos podem revelar (o próprio ego constituí-se a mais antiga e popular dentre as religiões).
Jesus não criou uma nova religião, tampouco uma nova filosofia. Não consigo imaginá-Lo percorrendo as ruas empoeiradas entre as multidões que O seguiam, convidando-as para aderirem a um movimento religioso, ou ainda, convencendo-as através de discursos. Se fosse para isso, Sua vinda não teria valido a pena. Aliás, a vida não faria sentido, porque a morte não teria sido vencida.
Mas sim, vejo um Jesus que andou entre homens para tornar-Se o resgate de Deus para eles. Deus se fazendo um de nós para que compreendêssemos o Conhecimento que traz sentido a nossa existência. Conhecimento, cuja compreensão está disponível a qualquer um, seja pobre, rico, feio, bonito, culto, inculto. Conhecimento demonstrado na prática para que não reste dúvidas de como aplicá-lo. Jesus faz valer a expressão religare, no puro sentido, porque nos liga novamente a Deus.
Pois se a vida fosse só filosofia ou religião, quão pobre e vazia sina a da humanidade!


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Eppur si mouve - Affonso Romano de Sant'Anna




Não se pode calar um homem
Tirem-lhe a voz, restará o nome
Tirem-lhe o nome
e em nossa boca restará
a sua antiga fome

Mente quem fala que quem cala consente.
Quem cala, ás vezes, re-sente,
Por trás dos muros dos dentes,
edifica-se um discurso transparente...

A ausência da voz
é, mesmo assim, um discurso.
É um rio vazio, cujas margens sem água
dão notícia de seu curso...

Por isso que o silêncio
da consciência,
quando passa a ser ouvido
não é silêncio
- é estampido


terça-feira, 29 de abril de 2008

Certeza - Fernando Sabino



"De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando
A certeza de que precisamos continuar
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar
Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo
Da queda um passo de dança
Do medo, uma escada
Do sonho, uma ponte
Da procura, um encontro..."

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Graça


Antes de qualquer coisa, que Deus me livre de falar sobre Ele, mais do que falo com Ele...
O tempo está passando. Os dias se consumindo e nós, perdidos em discussões teóricas sobre a graça de Deus. Por que nossa geração está tão interessada em receber a graça e não em entregar-Lhe o coração em todos os aspectos?
Reconheço-me livre apenas por meio desta graça redentora. Contudo, o fato de ser abraçada por este favor imerecido não significa que tenho habeas corpus para ser e agir de acordo com meus instintos. O que entendo como graça, sem nenhuma intenção de teologar (pois não sou teóloga), é que quando minha natureza humana desperta furiosa a fim de lançar-me novamente na escravidão do pecado, a graça de Deus é a âncora que salva minha alma do naufrágio.
Exercito minha mente para fugir dos pensamentos e desejos que entristecem o coração de Deus, mas sozinha, não consigo vencê-los. Somente quando reflito profundamente no quanto Deus me ama e deseja me ver livre, minha natureza humana é dominada e recolocada aos pés da Cruz.
Ah, como Deus é rico em graça e misericórdia! O quanto tem jorrado da Sua misericórdia em minha vida diariamente, pois “aquilo que eu não quero, isso faço e o que quero, não faço”. E, portanto, nestas horas, só a misericórdia de Deus, e não a graça, poupa minha vida da morte. A graça redime. A misericórdia me mantém sob alcance da graça.
Em nossa atual sociedade, existem vários exemplos negativos da figura paterna. A lista é grande: pais ausentes, insensíveis, desnaturados, violentos e até mesmo assassinos. Mas nenhum deles, nem mesmo tratando-se do melhor dos pais, assemelha-se à imagem do Pai Celestial. Este é diferente de tudo que já conhecemos como pai. Não é ditador, carrancudo, repressor, como tendemos a pensar. Um pai tirano nunca perdoaria nossas transgressões, muito menos se esqueceria das mesmas. Mas Deus prova Seu amor ao nos perdoar todas as vezes que Lhe confessamos nossos pecados - por meio de Jesus -, até mesmo aqueles que praticamos inconscientemente.
Ainda que, por conveniência humana, Sua Palavra seja tachada de moralista demais, exala interesse e cuidado paternais para com aqueles que Ele criou e com quem deseja, ardentemente, ter um relacionamento de liberdade.
Que os olhos da nossa alma consigam visualizar o Pai à espera do filho, que embora tenha se feito pródigo por livre arbítrio, nunca deixou de ser o amado do Seu coração.

domingo, 27 de abril de 2008

O Universo (Paráfrase) - Olavo Bilac

A Lua:
Sou um pequeno mundo;
Movo-me, rolo e danço
Por este céu profundo;
Por sorte Deus me deu
Mover-me sem descanso,
Em torno de outro mundo,
Que inda é maior do que eu.
A Terra:
Eu sou esse outro mundo;
A lua me acompanha,
Por este céu profundo...
mas é destino meu
Rolar, assim tamanha,
Em torno de outro mundo,
Que inda é maior do que eu.
O Sol:
Eu sou esse outro mundo,
Eu sou o sol ardente!
Dou luz ao céu profundo...
Porém sou um pigmeu,
Que rolo eternamente
Em torno de outro mundo,
Que inda é maior do que eu.
O Homem:
Porque, no céu profundo,
Não há-de parar mais
O vosso movimento?
Astros! qual é o mundo,
Em torno ao qual rodais
Por esse firmamento?
Todos os Astros:
Não chega o teu estudo
Ao centro d'isso tudo,
Que escapa aos olhos teus!
O centro d'isso tudo,
Homem vaidoso, é Deus!


quinta-feira, 24 de abril de 2008

Para meu bebê!!




Em homenagem ao meu bebê Gustavo, que com tão pouca idade me mostrou os dois lados da vida...


Para ser poeta é preciso ser triste?
Amor perdido,
Vida sem sentido,
Dor que desatina a doer,
Quantos versos assim já escritos
Lágrimas de poetas tristes
Traumatizados pela cruel existência
Esqueceram-se de falar sobre os risos explosivos,
Os sons monossílabos,
Os dedos pequeninos de uma criança
Será que conheceram?
Conheço os dois extremos,
Tristeza e alegria,
Mas prefiro investir na última
De triste basta a poesia!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Uma perspectiva sobre os conflitos

Há algum tempo tenho refletido mais intensamente a respeito dos conflitos que irrompem em nossa vida. Não há quem, por mais fiel que seja a suas convicções, não tenha sucumbido aos apelos do questionamento ao confrontar-se com alguma situação caótica e desesperadora. Ao passar por conflitos, meu eu interior sofre pelo embate entre fé e dúvida. Minha alma anseia pela fé simples que vem diretamente de Deus, e não por aquela oriunda de frases prontas ou receitas instantâneas. Em minha inquietação particular, tenho a felicidade de olhar para Deus no momento crucial, como o Senhor dos meus conflitos, das minhas ansiedades, dos meus questionamentos. Assim, consigo entregar-lhe cada pensamento e encontrar um conforto sem igual. Respostas exclusivas para minha alma naquele momento. O cuidado de Deus é personalizado.
Sobre os conflitos, Luci Shaw comenta: "(...) Nós estamos cheios de falhas e fracassos. Fomos gravemente feridos e precisamos de cura. Queremos amor incondicional, mas para consegui-lo lutamos a fim de satisfazer as condições pessoais. No entanto, sem a vulnerabilidade e humildade que acompanham o nosso estado de feridos, como podemos levar conforto e cura a outros ao redor que foram machucados e exibem feridas semelhantes às nossas? Única solução: a nossa capacidade de ajudar está exatamente na nossa vulnerabilidade. À medida que admitimos as nossas imperfeições e necessidade de ajuda, não só podemos nos identificar com outros na mesma condição; eles também podem identificar-se conosco e saber que os entendemos e sentimos o que eles sentem. Talvez esta tenha sido uma das razões que levaram Jesus a assumir a natureza humana, a despojar-se na mesma arena que fôramos atacados e prejudicados, e a sofrer pessoalmente os mesmos ataques, "tentado em tudo como nós", o que nos dá maior confiança no seu amor e compreensão."(Muito mais que Palavras, de Philip Yancey & James Calvin Shaap, pg. 65).
Se Deus conhece os sentimentos humanos, através de Seu Filho, posso chegar-me até Ele para expor minha fragilidade. Ele, certamente, compreenderá minhas dificuldades ao trilhar caminhos conflituosos. E é este tipo de conhecimento que desejo ter de Deus; aquele que se constrói em meio às incertezas da vida, quando desisto de entender-me por mim mesma. A escola da adversidade, com todos os seus entremeios emocionais, pode se transformar numa oportunidade para enxergar a Deus. Como se antes, o conhecessemos apenas de ouvir falar, conquanto, desnudos de nossas verdades absolutas, passamos a vê-Lo com nossos olhos.




quinta-feira, 17 de abril de 2008

Década dos 30


Exatamente hoje se completam três décadas da minha vida. Esperava que por volta desta data chegaria a famosa crise dos 30 anos. Mas para minha surpresa, estou disposta, feliz e tranquila. Não tenho encontrado tempo e espaço na mente para filosofar a efemeridade dos anos. Ao invés disso, quero festejar a eminência de começar esta nova fase, que nada mais é do que uma continuação da vida. Sou grata a Deus por ter me guardado até aqui. A cada dia vejo Sua forte mão me sustentando, o que enche meu coração de paz.


quarta-feira, 16 de abril de 2008

Salmo do passarim

Tenho paixão por música desde que me entendo por gente. Guardo recordações das canções que embalaram meus primeiros anos de infância. Não apenas do repertório infantil, mas também todas quantas meus pais escutavam no toca-fitas do carro ou no toca-discos de casa. Visualizo-me menina, segurando firme as capas dos discos de vinil, deliciando-me com aquelas figuras e decifrando o sentindo das letrinhas, quando ainda nem sabia ler.
Decorei várias daquelas letras, e ainda hoje, encontram-se arquivadas em minha memória. Belas e nostálgicas, remetem a um período lúdico de descobertas! Falam a respeito do amor de Deus...verdade que aprendi ouvindo e que ao passar dos anos, compreendi com o coração.
Fazem parte desta lista (cheirando à naftalina) várias canções dos Vencedores Por Cristo, Grupo Elo (e mais tarde Logos), Grupo Semente...só para citar alguns...
Felizmente, estas canções são eternas! As poesias continuam alegrando e inspirando minha vida. O teor destas melodias nunca perderá seu brilho e valor, porque a mensagem da Cruz sempre será atual.
Durante os anos, conheci outros compositores-poetas que me encantam com suas letras inspiradas e interpretação ímpar. Há alguns anos assisti a uma apresentação do Silvestre Kuhlmann e Glauber Plaça, representantes desta geração de poetas-compositores que cantam e encantam...Escutei uma singela canção na voz do Glauber. Descobri que se tratava da música do Carlinhos Veiga (Expresso Luz) : "Salmo do Passarim".
O que realmente vale a pena na vida é eterno...
Não posso deixar de postar aqui a letra desta canção, que nada mais é do que uma oração cantada pela pequena criatura para o Seu Criador...
Quantas vezes esta criatura sou eu!






Salmo do passarim

Como ave peregrina sou
a rasgar livre os céus
a usufruir deste infinito azul
e o vento a me tocar
é bom ser livre, ser Teu
como é bom sentir a Tua mão
me livrando das armadilhas
mas Senhor, me perdõe
pois por vezes sou levado
por meus instintos de ave
a desejar os grãos do passarinheiro
olho os grãos, me esqueço de Ti
livra-me Senhor da prisão
quero viver tua liberdade
rasgando os céus rumo a Ti
voar neste azul da Tua paz
sentir o vento do Teu Espírito
a soprar sobre mim

terça-feira, 15 de abril de 2008

Sobre impressões...



Nascem sorrateiras e pontuadas. Pequenos vaga-lumes. Mas num repente, tornam-se inquietas e revolucionam os olhos da mente. Surgem a partir de uma voz, uma palavra lida, uma cena vivida...Se transcritas no papel, ganham nova cor e significado. Impressões voam longe, carregando consigo um mundo de sentimentos.