terça-feira, 5 de julho de 2011

Retorno II


             Quero realmente retornar a esta casa. Mas não me recordo onde coloquei a chave. A porta ainda está relutante. 
             Avisto a fachada...Quanta coisa mudou! Quase nem reconheço o que restou da floreira; a velha árvore reclinada me saúda em longo silêncio; as folhas caídas no chão...
            Mas essa ainda é minha casa, apesar de por algum tempo acomodada num canto remoto. Não está de toda inóspita. Posso reformá-la...Por que não?
            Devo colocar novas cores aqui e acolá. Transplantar novas mudas nos canteiros. Acender as luzes. Ecoar por aí meus passos...
           AINDA... Pode ser esse o advérbio da minha esperança! Eis a chave perdida! Ainda é possível garimpar sonhos por entre os entulhos da realidade. 
           Quero residir nesta casa outros novos dias. 
            Retornarei aos poucos trazendo a mobília. Palavra por palavra, começando com algumas rimas antigas que trago comigo desde os primórdios desta casa...