quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Mãe, mãezinha.

"O menino tem uma mãe e uma mãezinha. A mãe é aquela que ensina os trejeitos maternos e de quem a mãezinha sorve as falas. A autêntica e a que faz o papel de. Pobre do menino que ouve a chamada da mãe e depois a da mãezinha. Uma indaga: 'Já fez a lição de casa?' muitas vezes sabendo a resposta. A outra, mãezinha, de tanto escutar a mãe, aprendeu a indagar também. Mas ela só tem dois anos e tanto lhe faz a resposta!"

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Aprenda, de uma vez por todas...

"O discurso que agrada é tamanho único, ou seja, deve cair bem em todas as consciências. Não pode, por exemplo, conter termos sobre os quais recaia a maldição de moralista -seria indecoroso. A punição para quem cometer o deslize será a exclusão social. O ostracismo é o pior pesadelo da geração facebook."

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Descobertas

Graças ao bebê, descobri que a rua em que moramos começa a passarinhar por volta das quatro da matina. Todas as madrugadas, nesse horário, a passarinhada sonoriza difusamente na janela do nosso quarto. Quanto a mim, fico perplexa ao tentar inferir se são todos de uma mesma ninhada ou se são várias ninhadas acordando juntas. Acho que me aflige pensar em uma única mãezinha dando conta de tantos pássaros esfomeados antes do sol raiar. Um dia, prometo: abro a nossa janela para conferir a nuvem de pássaros disputando a atenção com o luar. O que me falta é coragem para descobrir que a única mãezinha acordada, alimentando a cria, seja eu.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Sobre essa que vos escreve

Se até o final da vida eu não publicar um livro, darei-me por contente se bordar uma colcha de retalhos.  Escritores e artesãos tem muito em comum, uma vez que dedicam seus dias e noites à tênue tarefa de alinhavar cada qual a sua matéria prima. No caso do escritor, faz o casamento das palavras com o papel, ainda que em uma tela de computador. Já o artesão faz a emenda dos retalhos e reconstrói a vida do próprio tecido.
Por isso que me contentaria e muito, ficar somente na colcha de retalhos, pois, afinal, que são estórias se não um apanhado de fragmentos que sobram da confecção de extensas vivências? E aparas não merecem desprezo só porque não participaram da peça de roupa. Que esperem silenciosas por seus pares quando, enfim, contínuas, terão voz para narrar o enredo por detrás de suas estampas.
    Ninguém escreve ou borda sem a catálise do suor e das idéias. Imagino os dedos picotados do artesão, e deles fluindo gotículas mornas de sangue. E os dedos do escritor, recortados por palavras afiadas que fluem esporádicas como gotículas de sangue. No fim das contas, ambos concordariam, o retalho é que dará corpo ao efeito uníssono de suas obras.


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Nem tudo valerá a pena

Por mais brilhante poeta e exímio pensador que tenha sido Fernando Pessoa, reservo-me o direito de colocar em xeque a máxima de que "tudo vale a pena". 
Em relação à alma não ser pequena, não faço objeção.Porém, hoje, minha pergunta é: Quanto, de fato, vale a pena?
Se a referência for a pena que escreve, vá lá! Entendo como produto da subjetividade. Caso contrário, estamos supervalorizando a pena, tornando-a justificativa para todas as nossas escolhas.Tenho para mim que a pena não vale isso tudo. Deve ser balela de passarinho.
Em verdade, essa expressão sempre me incomodou. Também tenho minhas rabugices. Não, nem tudo valerá... A pena mal vale uma postagem. 
É o que dá acordar atravessada.

domingo, 27 de setembro de 2015

Um "cadinho" de texto

Há quem diga que escreve como forma de protesto. Pois eu digo, em minha suave rebeldia, que quando não escrevo é que protesto. Nada muito sério, aliás. Geralmente protesto contra  o pouco tempo que disponho para ouvir o que a alma tem para me dizer ou para sorver os pequenos detalhes do dia a dia. E isso me é tão triste; não ter tempo é quase pior do que não ter inspiração. Digo-lhes e afirmo, é sentar-me em frente ao dito cujo computador para o querido bebê chorar. Não há tempo sequer para descrever a ternura que sinto ao tomar o pequerrucho nos braços e afagar-lhe os cabelos. E a menina chora a partir de um vértice da sala...É hora de "Masha e o Urso"...Pronto: Acabo de perder o computador.
Por enquanto os dias serão longos e os textos curtos.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

E depois de dois anos

Tenho um caso de amor com este blog. Ficamos incomunicáveis, separados por um oceano; cada qual em sua ilha. No desespero eu me refugiei nas tramas das redes sociais, mas não foi a mesma coisa. Entendo que nas redes somos peixes que não retornam ao mar. Contudo, esse blog, sempre foi o meu mar. Então decidi fazer o caminho da volta, ainda que contra a maré. Uma vez gota no oceano, sempre serei mar. E cá estou: gota novamente, ensaiando ser adicta da próxima curtida.
Aqui eu ecoo. Grito, se necessário. Volto e me revolto quantas vezes o vento me mover...Cansei de me quebrar na praia.