quarta-feira, 21 de maio de 2008

Onze meses

Hoje comemoramos onze meses de vida do Gustavo.
Há onze meses este filho chegou para nos encantar e ensinar. Ensinar que sofrer e chorar faz parte da vida e que perder batalhas não implica em perder a guerra. É o que temos aprendido, desde que fomos apresentados ao nosso pequeno Gustavo, naquela fria manhãzinha de junho- a primeira manhã de inverno de 2007.
Dias depois, nosso bebê nem havia completado seu primeiro mês de vida, descobrimos que algo não ia bem. Lembro-me claramente de quando ouvimos o primeiro diagnóstico para o, até então, desconhecido problema de saúde do Gu: cardiopatia congênita . Era uma tarde chuvosa. O céu chorava, e nós também.
Quando pensávamos que já sabíamos tudo, a bomba: a cardiopatia era maior do que revelara o primeiro diagnóstico. Naqueles breves instantes que sucederam a notícia, perdemos o chão sob nossos pés. Lembro-me de engolir em seco enquanto olhava atônita para o André. O susto nos fez esquecer de chorar.
Em sequencia vieram as três cirurgias . A segunda não fazia parte do plano traçado pela equipe médica, mas teve que acontecer em caráter de urgência. Que sufoco! Foram dias e noites de grande expectativa.
Cada uma das internações do Gustavo nos reservou emoções e experiências únicas. As cenas, nítidas na memória, remetem às pessoas, palavras, sensações e sentimentos vivenciados nos corredores do hospital Beneficência Portuguesa. Quantas vezes cruzamos os corredores da UTI com passos apressados, buscando na memória, letras de canções que fortalecessem a fé e confortassem a alma, então mergulhada num misto de angústia e esperança. A linha que separava estes sentimentos era muito tênue.
Havia momentos, e não foram poucos, em que nos sentimos literalmente carregados por uma mão invisível, na qual encontrávamos sustento e descanso. Sabíamos que esta graça maravilhosa era resposta às orações feitas a Deus, por amigos, familiares e tantos outros que, mesmo sem nos conhecer, juntaram-se ao fronte para lutar conosco. Cremos no poder sobrenatural das orações feitas ao Pai, em nome de Jesus.
Tão cedo, descobrimos em nosso filho um forte e alegre guerreiro, mesmo que aparentemente frágil e abatido. Seu sorriso meigo clareava o horizonte das nossas expectavivas.
Tivemos o privilégio de sair do hospital com o Gustavo se recuperando bem, nas três vezes em que foi operado. Cada alta médica significava o maior acontecimento de nossas vidas. E como era delicioso voltar para casa!
Graças a esta "escola", aprendemos a valorizar pequenas vitórias com o mesmo entusiasmo que as grandes, tal como a que tivemos recentemente: o cardiologista do Gustavo concluiu, após avaliação clínica, que não há mais necessidade de medicação. Seu coraçãozinho está, enfim, curado!
Que reviravolta! Meses atrás, o mesmo médico havia nos dado o diagnóstico e alertado para a gravidade do caso. Não poderíamos prever, naquela ocasião, que um dia experimentaríamos tamanha felicidade naquele mesmo consultório.
Diferente da primeira consulta, esta última aconteceu numa manhã ensolarada de outono.
Fomos surpeendidos pela alegria...
Entre dias de tempestade e outros tantos de sol, já se passaram onze meses. Até aqui nos ajudou o Senhor.

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