sexta-feira, 2 de maio de 2008

Eppur si mouve - Affonso Romano de Sant'Anna




Não se pode calar um homem
Tirem-lhe a voz, restará o nome
Tirem-lhe o nome
e em nossa boca restará
a sua antiga fome

Mente quem fala que quem cala consente.
Quem cala, ás vezes, re-sente,
Por trás dos muros dos dentes,
edifica-se um discurso transparente...

A ausência da voz
é, mesmo assim, um discurso.
É um rio vazio, cujas margens sem água
dão notícia de seu curso...

Por isso que o silêncio
da consciência,
quando passa a ser ouvido
não é silêncio
- é estampido


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