segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Segunda-feira
domingo, 28 de dezembro de 2008
Último domingo do ano.
Hoje, entendi que o conceito de biogênese faz todo sentido quando se refere ao que Deus faz na vida da gente. Ele não reforma pessoas. Este negócio de dar jeitinho, é coisa nossa. Ele faz é nascer de novo. Cria vida a partir da ausência de vida. Simples assim.
Ele quer a gente como se é. Cheio de rusgas, fétido e maltrapilho. Devolve a dignidade ao homem. Hoje me lembrei mais uma vez disso, do quanto me amou.
Faz muito bem, obrigada, abastecer a memória com estas lembranças. Assim não se esquece de que a vida é muito mais do que os olhos enxergam. Mais do que ilusões oferecidas pela sociedade, que a gente compra achando o máximo. Libertar-se das imagens faz um bem danado pra alma. Ah, se o mundo todo soubesse...
Mudando ligeiramente de assunto (mas continuando a falar sobre lindezas), o Gu está cada dia mais mocinho!
Hoje o dia teve 24 anos, porque curti cada horinha, valendo quase uma vida inteira. Gostoso viver, quando a gente passa a entender para quê se vive. E quanto mais simples, melhor. Igual pão com manteiga, mais simples e gostoso, não conheço.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Motim
O que são as palavras que a gente usa? Como podem nos abandonar hora destas? Voltem! Haja vocabulário que traduza a diversidade dos sentimentos! Como verbalizar uma lágrima? E um sorriso?
"Um mesmo sentido muda de acordo com as palavras que o exprimem. Os sentidos recebem sua dignidade das palavras em vez de conceder-lhes esta dignidade."(Blaise Pascal)
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
The Cafe Terrace on the Place du Forum, Arles, at Night, 1888 (Van Gogh)
Pareceu-me interessante analisar o casal, visto que já explorara o céu e seus luminares em demasia. Por hora, dediquei-me por completo à nova ocupação. A penumbra se opunha entre mim e meu objeto de estudo, motivo pelo qual forcei os olhos na tentativa de capturar detalhes mais precisos. Ao meu lado, apresentou-se um rapaz franzino aparentando não mais do que vinte anos. Pele clara, olhos muito expressivos, porém pequenos. Senti certa melancolia naquele olhar subalterno e logo me condescendi à sua frágil figura. Em voz rouca me perguntou se gostaria de outra xícara de chá. Só então notei que trazia um avental amarrado sobre a camisa gasta, mas muito bem asseada. Abduzido por aquela nova distração, não me ocorrera que a xícara estivesse vazia. Meneei a fronte de forma afirmativa e reservei-me o direito de voltar ao meu estudo, que mal começara já havia sido interrompido.
Que singular a figura daquela mocinha. Ao longe não consegui construir a perfeita imagem de sua fisionomia, mas procurei deduzi-la a partir dos elementos que o luar me permitia conhecer. Busquei uma voz condizente com sua jovialidade. Muito provavelmente, casaria bem com um timbre claro e suave. Adoraria ouvi-la cantar. Quem dera a brisa fresca da noite me trouxesse uma amostra da sua voz!
O casal caminhava em direção ao Café, sem, contudo, esboçar aproximação. Temi que continuassem em frente, não atraídos pelo aroma exótico das bebidas quentes consumidas pelos frequentadores do local. Minha suspeita se confirmava conforme avançavam pelo passeio público.
Desanimado com a idéia de criar novo passatempo para enquanto durasse aquela segunda xícara de chá, voltei minha atenção ao céu e às estrelas que se exibiam naquela noite de sexta-feira.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Feito gente e gato
Ia me esquecendo de contar que o ato espalhafatoso na cozinha gerou certo alvoroço no quarto vizinho. Ouviu-se dali uma exclamação na voz aguda de mulher, ainda atordoada de sono. Quase em uníssono, uma voz masculina procurava pelo autor da façanha. Tateava inultilmente a cama, esperando encontrá-lo. Os dois coitados, arrancados do aconchego proporcionado por uma pesada manta de patchwork, correram até a cozinha, onde encontraram o gato de olhar meigo e bigodes franzidos, como que se justificando por aquele ato falho.
Ambos se comoveram com a patética cena. A moça se inclinou em direção ao felino que, se fosse gente, teria como dar de ombros (porque parecia não se importar). Mas como era gato, caprichou num miado que soou como um irresistível pedido de desculpas. Querido, o importante é que não tenha se machucado, disse ela com gestos maternais. O homem se apressou em tirar todos os pedacinhos de perigo que recobriam o chão. Mais uma vez, o bichano afundou-se nos braços roliços de sua mamãe postiça e recebeu todo o carinho e atenção que a vida lhe reservara.
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Era uma manhã de sábado. A luz invadira seu último sonho. Ele se levantou enjoado de dormir e como de costume, foi serelepe até a sala de estar. Oba, já é dia! O cabelo espetado alegrava o rosto marcado de cama, conferindo-lhe um ar engraçado. Ainda se aconchegava no sofá de veludo enquanto os dedinhos ariscos procuravam o controle remoto da televisão. Naquele momento foi que percebeu um ruído no fundo do estômago. Estava faminto. Dirigiu-se até a cozinha a passos curtos, tocando o chão gelado de porcelana branca. Cantarolava alguma música.
Lembrou-se de que da noite anterior sobrara um pedaço de bolo gostoso. Era de milho ou de fubá? Sei não, concluiu sozinho. Mas sabia que estava bom toda a vida, e nada mais lhe interessava no mundo, além daquela porção de delícia. Acho que consigo pegar sozinho! Concluiu com total confiança. Espichou o corpo curtinho o máximo que pôde até que seus pés quase nem mais tocassem o chão. Que grande aventura, pensava consigo fazendo ares de importante. Foi quando, fugindo ao controle, o prato pintado à mão mais o bolo amarelo voaram bancada abaixo. O prato estatelou-se em mil pedacinhos. Essa não! O bolo virou farofa doce misturada aos cacos de vários tamanhos espalhados pelo chão. Ai, e agora? Repetia inconsolável. E ainda estava descalço. Os olhos ameaçavam romper em pequenas lágrimas.
O estrondo repentino surtiu efeito no quarto vizinho. De lá partiram vozes abafadas. A mulher balbuciava palavras com pouco sentido, em tom azedo. Puseram-se em pé, homem e mulher, ainda sem vontade de abrir os olhos. Arrastaram-se até a cozinha e vislumbraram o ocorrido. Era o filho desajeitado. Mas que menino, nunca aprende! Não sabe que é perigoso entrar na cozinha, sozinho? E ainda descalço! Esbravejaram formando rugas na testa. O garoto se encolheu, ficando até menor do que seu tamanho real. Desculpa! Olhou tímido para os dois à porta da cozinha. Chegou mais perto, esquivando-se do medo. Enlaçou seus heróis pelas pernas, complementando o pedido anterior . Desconcertado, o casal retribuiu o carinho do garoto com um abraço demorado.
O gato parecia alheio ao episódio contracenado pela família Souza. Aquecido pela manta de patchwork, miou desafinado porque estava com fome.
(Priscila P. Mendes)
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
(ah...)
Estou à procura de outro horizonte. Simples de tudo. Onde eu seja tão somente eu. Aceita de cara lavada. Alma nua. Frases curtas.
Para falar sobre um cheiro-amarelo. Uma menina banguela. Um dèjá vou.
Ah...
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Chega!
Pausa.
Do outro lado do hemisfério (cerebral), está um lugar de descanso. À beira do caminho, sorri uma tímida ruela, ornada com arvoredos verde-piscina e um céu de azul-oceano. Em lugar de asfalto, estende-se um tapete aveludado, gostoso de pisar com os pés descalços. Fumaça, poluição e o estrondo desafinado das buzinas não chegam ali. Para lá o vento carrega a voz doce e aguda da criança, enquanto arrisca seus primeiros passinhos. Não passam caminhões carregados de cobranças e chateações... A passagem é destinada aos pedestres que caminham pela vida sem pressa. Ah, que beleza! Como não encontrei antes este bucólico caminho? Preciso mudar meu percurso, deixar de lado esta pressão descarada que me obriga a pensar mais do que viver!
Para começar, melhor deixar de prosa e colocar o cérebro em ponto morto. Ao menos, até amanhã de manhã. Boa no...
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Inverno
No Doubt (PETRA)
Sem crise não há fé.
domingo, 16 de novembro de 2008
Construção
Imagem
(Beto Tavares)
Pedaços em barro, cacos, retalhos
Restos de coração quebrado
Minha vida nas mãos do oleiro
Matéria-prima do seu trabalho
Mãos do artista dedicado
Que me toca e me faz inteiro
Como é incrível, me sinto amado
Tão aceito ao estar ao seu lado
Vem me dar outra chance
Me transforma, me refaz
Estou aqui, outra vez
Só em você eu encontro o meu destino
Foi você quem me fez
Preciso do seu conselho, do seu ensino
Diante de você me sinto
Como um menino
Eu me encontro quando te encontro
Sou restaurado lentamente
Minha imagem à sua imagem
Sou seu filho e quero estar pronto
Ser trabalhado constantemente
Como barro numa moldagem
De repente eu sou vaso novo
Seu sangue, sua carne, seu povo
Sua identidade, seu fruto, seu gozo
Os seus sonhos pra mim
Planos de paz pra me dar um novo futuro
Seu amor não tem fim
Com você andarei e estarei seguro
Vem me encher, transbordar
Com seu óleo puro
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Outubro, Primavera, 2008
Noite quente de quinta-feira. Meu rebento já dorme, ninado por anjinhos que cercam seu berço. No ar, notas de uma música embalando a noite que se acomoda ao fim de um longo dia. Enfim, um momento para baixar a poeira... Cá estou, olhando para trás. Pelo retrovisor avisto um ano que começou embaraçado por incertezas e que ensaia seu fechamento, daqui a parcos dois meses. Como sinal, os panetones já preenchem as prateleiras dos supermercados e as lojas se enfeitam com pinheirinhos de plástico e luzes multi-cores piscantes.
Parece que ontem, o ano começou...
Adentramos o convidativo 2008 com uma expectativa pulsante no coração. Tínhamos um bebê em nossos braços. Um serzinho tão desejado e amado. Mal completara seus seis meses de existência. Sonhávamos com a cirurgia definitiva que lhe daria força para viver. Este momento chegou ao segundo mês do calendário, reservando para nós muitas surpresas, assombros e júbilo.
Não é novidade dizer que este ano tem girado em torno do Gustavo (é só conferir os posts anteriores...). Investimentos, planos e orações se voltam para nossa criança. Mas, também, existem outras aspirações, sonhos e desejos que repartem com ele, o espaço em nosso coração. Um deles, que ganhou força nas últimas semanas, é minha volta à bancada. Por algum tempo pensei ter aposentado o jaleco e enterrado o traquejo com pipetas. Mas Deus reserva surpresas para a gente: I’ve come back!
De novo as cobranças, os experimentos que não dão certo e aqueles que surpreendem por saírem melhor do que a encomenda. Não falta o frescor da expectativa renovada para a nova fase que ascende. Voltei a sentir friozinho na barriga! O mesmo do doutorado... Vai ver, ficou incubado no celoma...
Enquanto isso o ano se despede antecipadamente, no comércio das ruas e nos shoppings adornados. Os dias se abreviam nesta geração, nenhuma surpresa.
Gravuras que ficaram impressas no caderninho das memórias: o primeiro aniversário do Gustavo... A suspensão da batelada de medicamentos para o coração... Os momentos de brincadeira a três nos finzinhos de tarde. Amo-te, pequena e valiosa família!
E como o ano continua nos reservando emoções, vamos ao que interessa; viver do maná que Deus provê em doses diárias, sem abraçar o pacote de ansiedades que nos reserva o amanhã. Afinal, ainda temos dois meses pela frente... Coragem!
Paradoxalmente, fala-se em crise econômica mundial. Especula-se um agravamento para 2009. O mundo se contorce frente a esta palavrinha de duas sílabas. Que caótico cenário! Contudo, a provisão do maná nunca faltará no âmbito desta casa.
Nesta noite, que vai alta, descansarei nesta promessa.Até mais...
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Uma cena muito louca...
Foi do rei Nabucodonosor (antiga Babilônia) que partiu esta constatação, ao testemunhar um fato que desafiou qualquer lógica: três homens foram lançados nas labaredas de uma fornalha, porquanto, quatro homens podiam ser vistos passeando pelo fogo. Três homens e um anjo, diga-se de passagem. E, nem um fio de cabelo queimado.
Deus desafia a lógica das leis naturais e, quase sempre, contradiz a nossa boa e velha razão. Ele age como, quando e onde quer. Nada se compara ao agir das Suas mãos. Ele sempre foi e será inexplicável! Quem pode compreender a mente do Senhor? Ninguém.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
...É viver por toda a eternidade
O resto, (leia-se tudo que for externo), é mero detalhe. Ou, como diria um professor sabichão que conheci, é “encher de florzinha”.
Dez leprosos foram miraculosamente curados por Jesus. Nove deles, estupefatos, correram ao encontro de seus familiares para compartilhar a alegria da cura. Apenas um deles se lembrou de agradecer, voltando-se ao Autor do milagre. Sempre penso que este homem compreendeu a mensagem do “bem maior”.
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Escrevo, enquanto existo
Escrever sobre amores? Que tal, conheço-lhes bem? Sim, certamente! Eis uma boa pedida! Mas, que nada... Estou tranquila neste departamento. Nada de dores ou dilemas que me tornem uma engenhosa artista, daquelas que arrancam lágrimas de prazer do leitor, inconsolável pelo amor reprimido. Mas ainda me resta escrever sobre as mazelas de um amor imaginário, do sentimento abstrato, das divagações de porta de botequim. Nada disso! Sou incapaz de alcançar tamanha genialidade.
Inspira-me a frivolidade da vida? O ser humano descartável; objeto de escárnio da sociedade moderna. Pesado demais para mim este tema. Receio entrar nele e sair de muletas, capengando numa filosofia demagoga. Decerto, terei material suficiente para preencher incontáveis folhas em branco e deliciarei meu espírito, ávido por devorar um dragão, mas... Recuo!
Que tal usar como material meus dramas pessoais? Minha busca, minha fuga, as frustrações do meu passado, a inconstância do meu presente, a incerteza do meu futuro... Arre! Para que escrever uma tese sobre mim? Estou lúcida o suficiente para encarar que sou normal, e pessoas normais não viram temas de romances (aqui cabe uma observação: o que é normal?).
Existem outros temas que façam jus a um poema? Tantos quantos já existem e há séculos são eloquentemente explorados. O que sobrou de criativo e inovador para este mote?
Cheguei ao fim, sem ao menos encontrar o começo do labirinto. Sei que quero escrever, sem, contudo, saber sobre o quê deveria...
Tarde demais para escrever sobre fadas, príncipes, princesas, bruxas e animais falantes. Cedo demais para escrever uma antologia ou biografia.
Penso apenas sobre o que sinto agora: sinto todos os sentimentos juntos, embalados por uma alegria autêntica, incontida.Esqueço-me das impiedades, banalidades e obscuridades da vida. Ao menos agora, finjo não ver a hipocrisia e falsidade reinante neste universo hostil. Entrego-me a escrever sobre nada, além desta alegria...
Alegria de escrever, de colocar em sequência as palavras, sem intencionalidades, sem responsabilidades, sem peso, nem culpa. Sou apenas os dedos que passeiam livremente pelas teclas do computador.
E, grosso modo, isso me basta para continuar escrevendo. Com ou sem público.
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Prece
E afogado em delírio ouviu retornar,
O eco de seu clamor, solitário e triste
Até que por fim, desistiu de esperar,
Acreditando receber da vida, apenas desventura
Talvez haja um sopro de mudança à vista
Quando o sol primaveril romper no céu
Em suave alarido, se fizer ouvido
Ao invés de silêncio, sons alegres de festa
E quando esse tempo chegar, permita-se iluminar!
No clarão que o invade, exponha seu íntimo receio
Acalente a esperança em teimosa valentia,
Lance mão de todo inútil preconceito
E se surpreenderá com sua prece respondida
(Priscila P. Mendes)
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Ampulheta
Contra - ponto
Contra – regra
Contra - baixo
Contra -fluxo
Contra-mão
Contra-parte
Contra - capa
Contra-ataque
Contra-o-vento
Contra - indicação
Contra -corrente
Contra -senso
Contra-feito
Contra-dito
Contra -tudo
Sou
Avesso
do mundo?
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Flores
Azaléias, petúnias, frésias
Todas quantas!
Além de seus amores
Seduzidos por suas cores
Peroladas, aveludadas, onduladas
Amantes polinizadores
Somam vida e esperança
Às linhas deste pensamento
terça-feira, 29 de julho de 2008
Certezas
Sem reticências ou exclamações
Logo ao nos conhecermos,
Acordei para o desejo
De ouvi-lo e vê-lo, mais uma vez,
todos os dias
Porque você aportou cavalheiro,
mas sem rodeios
Envolveu-me com sua ternura
E personalidade verdadeira
Que resolvi devolver-lhe esta doçura,
Durante a vida inteira
Porque você atrai estes sentimentos,
E Instiga meus pensamentos;
Sabe que te amo?
Sem frescura ou fantasia
É real e graças a Deus por isso
Não faz estilo amor de poesia,
Está mais para uma prosa bem vivida,
Construída e alicerçada em fatos;
Não duvide, esteja certo disso;
Você é meu compromisso,
selado e assinado.
Sabe que te amo?
(Priscila P. Mendes)
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Mães de UTI
sábado, 12 de julho de 2008
Poesia
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Sonhos
Se conseguisse sua semente, eu mesma a plantaria, regaria todos os dias, até que surgissem os primeiros brotos, e a planta pudesse ser podada. Prepararia várias mudas e as distribuiria para as pessoas, sem distinção de classe social, aparência ou inteligência. Decerto, esta árvore teria uma copa frondosa, que refrescaria nossa memória nos dias mais difíceis. O tronco seria resistente, suas raízes profundas e suas sementes, sempre férteis. Suas flores rústicas, de um branco pungente, desabrochariam singelas, dando vazão ao único fruto, pequeno. No seu interior, este fruto modesto conteria uma idéia criativa e honesta, capaz de melhorar a vida de quem o encontrasse.
Esta história me parece familiar, não só porque surgiu do devaneio de uma sonhadora. Acho que o “pé de idéias”, já existe.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Aprendendo
Eu canto ou falo?
Falo ou canto?
Acho que os dois!
A palavra é tal como a canção;
E as letrinhas lembram notas musicais
Separadas, mas, em seqüência;
As notas formam uma escala
Se combinadas entre si,
Que beleza! Nasce uma canção;
As letras, uma a uma, em seqüência
Eis o abecedário!
Combinadas entre si,
Veja essa! Nasce uma palavra;
Por isso, cantar ou falar,
Tanto faz!
Na dúvida, faço os dois.
De volta...
Estou ficando viciada em ler bons livros, ávida por um história bem conduzida. Ganhei “Os Fios da Fortuna” no sábado, e não consegui parar de lê-lo enquanto não cheguei na última frase. Devorei-o rapidinho! Tive que ter criatividade para encontrar tempo, afinal, vida de mãe é imprevisível.
O romance, de Anita Amirrezvani, mergulha num mundo rico em emoções e história. Viajei na cultura persa do século XVII. Lamentei a sorte da tapeceira sem nome, mas também vibrei com sua coragem e persistência. É, vale a pena lutar. Valeu a pena ler!
Já estou à caça da próxima leitura...Candidatos interessantes não faltam...
ACEITO SUGESTÕES!
“A liberdade se conquista com o exercício da criatividade.”
Sherazade, em “As Mil e Umas Noites”
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Os dois horizontes
Dois horizontes fecham nossas vidas:
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro, —
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.
Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais.
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.
Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.
No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.
Que cismas, homem? — Perdido
No mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem? — Procuro,
Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.
Dois horizontes fecham nossa vida.
(Machado de Assis)
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Confissão
I love you …Lu 'bim ta…Ljubim te ...Te quiero...Mi amas vin ...
... Amo-te.
domingo, 8 de junho de 2008
Pelas ruas da cidade...
Não sei até que ponto isto se torna uma fuga, mas concordo que certos trechos vividos ficam guardados na memória e que, quando resgatados, tornam-se lembranças deliciosas... Outro dia mesmo, passei por uma experiência do tipo “túnel do tempo”, com direito a flash back e muito saudosismo.
Esta viagem ao passado teve início quando resolvi passear com meu filho, pelo centro da cidade...
Lá fomos nós, numa manhã fresca e ensolarada, enfrentar as calçadas estreitas e o vai-e-vem apressado dos que circulam pela rua Barão de Jaguara, uma das mais conhecidas de Campinas. Uma aventura para quem está conduzindo o filho bebê em carrinho de passeio!
Embora não tenha nascido em Campinas (sou uma sorocabana-campineiríssima), familiarizo-me com estas ruas amontoadas de lojas e prédios comerciais, que transformam o espaço numa miscelânea de estilos e propósitos.
Passei pelo mini-mercado, e sem pensar duas vezes, adentrei este mundo de cores, aromas e burburinhos. Pessoas, e mais pessoas. Barracas, e mais barracas. Todo tipo de delícias que esta terra possa produzir: manga-rosa, banana-nanica (gigante...) e outras frutas interessantes. Também vi diversos legumes e verduras de cores vibrantes . Encontrei a barraca de pastel, onde uma propaganda entusiasmada anunciava o de bacalhau como principal atração. Não faltaram as senhorinhas de lenço na cabeça, aqui e acolá, conduzindo seus carrinhos de feira, ao conferir as ofertas do dia. Quando criança, esta simultaneidade de imagens e sons me hipnotizava!
Enfim, cheguei na barraca preferida de todas as infâncias do mundo: o paraíso dos doces e outras guloseimas. Não resisti ao apelo das minhas lembranças e fiz o que há anos não fazia: enchi uma bacia com balas 7 Belo, Chita (de abacaxi) e Dadinho. Procurei a Maluquinha (sabor côco queimado), mas não achei desta vez. Será que não a fabricam mais?
Ao degustar a primeira bala me senti moleca; era o gosto da nostalgia invadindo minha boca e depois minhas memórias esquecidas.
Estes momentos de puro sentimentalismo me fizeram bem. Parece que de vez em quando é preciso puxar algumas fichas arquivadas na memória, já que os dias modernos são tão descartáveis quanto um lenço de papel. Mas afinal, o que mudou? Foram os tempos, ou foi a gente?
Acho que tudo mudou e ao mesmo tempo, nada mudou. Complicado? Também acho!
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Lembrança
Misturam-se ao tapete arenoso que forra meu chão...
Desenhos esboçados nas nuvens com textura de algodão
Ondas do mar que se quebram violentas no costão...
No calor da tarde, a brisa sopra inspiração
Uma idéia, um estalo, imaginação
A rima é pobre, mas a lembrança não...
(Priscila P. Mendes)
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Onze meses
Há onze meses este filho chegou para nos encantar e ensinar. Ensinar que sofrer e chorar faz parte da vida e que perder batalhas não implica em perder a guerra. É o que temos aprendido, desde que fomos apresentados ao nosso pequeno Gustavo, naquela fria manhãzinha de junho- a primeira manhã de inverno de 2007.
Dias depois, nosso bebê nem havia completado seu primeiro mês de vida, descobrimos que algo não ia bem. Lembro-me claramente de quando ouvimos o primeiro diagnóstico para o, até então, desconhecido problema de saúde do Gu: cardiopatia congênita . Era uma tarde chuvosa. O céu chorava, e nós também.
Quando pensávamos que já sabíamos tudo, a bomba: a cardiopatia era maior do que revelara o primeiro diagnóstico. Naqueles breves instantes que sucederam a notícia, perdemos o chão sob nossos pés. Lembro-me de engolir em seco enquanto olhava atônita para o André. O susto nos fez esquecer de chorar.
Em sequencia vieram as três cirurgias . A segunda não fazia parte do plano traçado pela equipe médica, mas teve que acontecer em caráter de urgência. Que sufoco! Foram dias e noites de grande expectativa.
Cada uma das internações do Gustavo nos reservou emoções e experiências únicas. As cenas, nítidas na memória, remetem às pessoas, palavras, sensações e sentimentos vivenciados nos corredores do hospital Beneficência Portuguesa. Quantas vezes cruzamos os corredores da UTI com passos apressados, buscando na memória, letras de canções que fortalecessem a fé e confortassem a alma, então mergulhada num misto de angústia e esperança. A linha que separava estes sentimentos era muito tênue.
Havia momentos, e não foram poucos, em que nos sentimos literalmente carregados por uma mão invisível, na qual encontrávamos sustento e descanso. Sabíamos que esta graça maravilhosa era resposta às orações feitas a Deus, por amigos, familiares e tantos outros que, mesmo sem nos conhecer, juntaram-se ao fronte para lutar conosco. Cremos no poder sobrenatural das orações feitas ao Pai, em nome de Jesus.
Tão cedo, descobrimos em nosso filho um forte e alegre guerreiro, mesmo que aparentemente frágil e abatido. Seu sorriso meigo clareava o horizonte das nossas expectavivas.
Tivemos o privilégio de sair do hospital com o Gustavo se recuperando bem, nas três vezes em que foi operado. Cada alta médica significava o maior acontecimento de nossas vidas. E como era delicioso voltar para casa!
Graças a esta "escola", aprendemos a valorizar pequenas vitórias com o mesmo entusiasmo que as grandes, tal como a que tivemos recentemente: o cardiologista do Gustavo concluiu, após avaliação clínica, que não há mais necessidade de medicação. Seu coraçãozinho está, enfim, curado!
Que reviravolta! Meses atrás, o mesmo médico havia nos dado o diagnóstico e alertado para a gravidade do caso. Não poderíamos prever, naquela ocasião, que um dia experimentaríamos tamanha felicidade naquele mesmo consultório.
Diferente da primeira consulta, esta última aconteceu numa manhã ensolarada de outono.
Fomos surpeendidos pela alegria...
Entre dias de tempestade e outros tantos de sol, já se passaram onze meses. Até aqui nos ajudou o Senhor.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Nota - O Cravo e a Rosa
domingo, 11 de maio de 2008
Sunset
Amo fim de tarde. Pôr-do-sol. Nuances de cores que se misturam às nuvens dispersas. É a volta para casa, o reencontro...
Fim de tarde no portão
A cabeça branca ao relento
Teimosia de paixão
Faz das cinzas renascer alento
Na estrada o seu olhar
Procurando um vulto conhecido
Espera um dia abraçar
Quem diziam já estar perdido
O seu amor é tão forte
Mais que o inferno e a morte
São torrentes que arrebentam o chão
Mais fácil secar os mares
Apagar a estrela Antares
Que arrancar o amor de seu coração
Fim de tarde se debruça no portão
Mas um dia aconteceu
E o moço retornou mendigo
O pai depressa correu
E abraçou o filho tão querido
Tragam roupas e o anel
Calçem logo os seus pés, milagre!
Vinho do melhor tonel
Tanta alegria em mim não cabe
O seu amor é tão forte.....Fim de tarde, está deserto o portão
segunda-feira, 5 de maio de 2008
"Religare"
Jesus não criou uma nova religião, tampouco uma nova filosofia. Não consigo imaginá-Lo percorrendo as ruas empoeiradas entre as multidões que O seguiam, convidando-as para aderirem a um movimento religioso, ou ainda, convencendo-as através de discursos. Se fosse para isso, Sua vinda não teria valido a pena. Aliás, a vida não faria sentido, porque a morte não teria sido vencida.
Mas sim, vejo um Jesus que andou entre homens para tornar-Se o resgate de Deus para eles. Deus se fazendo um de nós para que compreendêssemos o Conhecimento que traz sentido a nossa existência. Conhecimento, cuja compreensão está disponível a qualquer um, seja pobre, rico, feio, bonito, culto, inculto. Conhecimento demonstrado na prática para que não reste dúvidas de como aplicá-lo. Jesus faz valer a expressão religare, no puro sentido, porque nos liga novamente a Deus.
Pois se a vida fosse só filosofia ou religião, quão pobre e vazia sina a da humanidade!
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Eppur si mouve - Affonso Romano de Sant'Anna
terça-feira, 29 de abril de 2008
Certeza - Fernando Sabino
"De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando
A certeza de que precisamos continuar
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar
Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo
Da queda um passo de dança
Do medo, uma escada
Do sonho, uma ponte
Da procura, um encontro..."
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Graça
O tempo está passando. Os dias se consumindo e nós, perdidos em discussões teóricas sobre a graça de Deus. Por que nossa geração está tão interessada em receber a graça e não em entregar-Lhe o coração em todos os aspectos?
Reconheço-me livre apenas por meio desta graça redentora. Contudo, o fato de ser abraçada por este favor imerecido não significa que tenho habeas corpus para ser e agir de acordo com meus instintos. O que entendo como graça, sem nenhuma intenção de teologar (pois não sou teóloga), é que quando minha natureza humana desperta furiosa a fim de lançar-me novamente na escravidão do pecado, a graça de Deus é a âncora que salva minha alma do naufrágio.
Exercito minha mente para fugir dos pensamentos e desejos que entristecem o coração de Deus, mas sozinha, não consigo vencê-los. Somente quando reflito profundamente no quanto Deus me ama e deseja me ver livre, minha natureza humana é dominada e recolocada aos pés da Cruz.
Ah, como Deus é rico em graça e misericórdia! O quanto tem jorrado da Sua misericórdia em minha vida diariamente, pois “aquilo que eu não quero, isso faço e o que quero, não faço”. E, portanto, nestas horas, só a misericórdia de Deus, e não a graça, poupa minha vida da morte. A graça redime. A misericórdia me mantém sob alcance da graça.
Em nossa atual sociedade, existem vários exemplos negativos da figura paterna. A lista é grande: pais ausentes, insensíveis, desnaturados, violentos e até mesmo assassinos. Mas nenhum deles, nem mesmo tratando-se do melhor dos pais, assemelha-se à imagem do Pai Celestial. Este é diferente de tudo que já conhecemos como pai. Não é ditador, carrancudo, repressor, como tendemos a pensar. Um pai tirano nunca perdoaria nossas transgressões, muito menos se esqueceria das mesmas. Mas Deus prova Seu amor ao nos perdoar todas as vezes que Lhe confessamos nossos pecados - por meio de Jesus -, até mesmo aqueles que praticamos inconscientemente.
Ainda que, por conveniência humana, Sua Palavra seja tachada de moralista demais, exala interesse e cuidado paternais para com aqueles que Ele criou e com quem deseja, ardentemente, ter um relacionamento de liberdade.
Que os olhos da nossa alma consigam visualizar o Pai à espera do filho, que embora tenha se feito pródigo por livre arbítrio, nunca deixou de ser o amado do Seu coração.
domingo, 27 de abril de 2008
O Universo (Paráfrase) - Olavo Bilac
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Para meu bebê!!
Amor perdido,
Vida sem sentido,
Dor que desatina a doer,
Quantos versos assim já escritos
Lágrimas de poetas tristes
Traumatizados pela cruel existência
Esqueceram-se de falar sobre os risos explosivos,
Os sons monossílabos,
Os dedos pequeninos de uma criança
Conheço os dois extremos,
Tristeza e alegria,
Mas prefiro investir na última
De triste basta a poesia!
terça-feira, 22 de abril de 2008
Uma perspectiva sobre os conflitos
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Década dos 30
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Salmo do passarim
terça-feira, 15 de abril de 2008
Sobre impressões...
Nascem sorrateiras e pontuadas. Pequenos vaga-lumes. Mas num repente, tornam-se inquietas e revolucionam os olhos da mente. Surgem a partir de uma voz, uma palavra lida, uma cena vivida...Se transcritas no papel, ganham nova cor e significado. Impressões voam longe, carregando consigo um mundo de sentimentos.