Parecia uma típica
cena de comercial de televisão. O supermercado lotado, e nós na fila do caixa
aguardando a vez de passar as compras. Atrás de nós, um homem encostou seu
carrinho de compras, parcialmente cheio de produtos que as mães costumam
apelidar de “porcarias”.
Estávamos ambos, meu marido e eu, por conta do nosso carrinho de compras,
enquanto nosso filho estava por conta dele mesmo, ao nosso lado.
Quando dei por mim, o menino se projetava na lateral do carrinho alheio para
analisar detalhes da compra que o homem estava prestes a concluir. Fiquei um
tanto quanto encabulada, especialmente quando notei que o dono das compras
também observava a indiscrição deliciosa do menino que, em certo momento,
esteve prestes a subir no carrinho para observar detalhadamente a mercadoria
escondida por debaixo da primeira camada de produtos que já havia explorado.
Chamei o garoto para junto de mim. A princípio foi um chamado contido que, não
tendo sido atendido prontamente (em geral as mães são desesperadas),
transformou-se num chamado urgente, e logo mais em um pedido de clemência:
Gustavo venha aqui!
Só
então o menino percebeu estar sendo observado longamente pelo homem, e
achegou-se para junto de nós. Verdade seja dita: nem acredito que o tenha feito
por vergonha. O menino não é disso; ele é até cara de pau, para ser honesta.
Resumindo a história, de tudo que chamou a sua atenção naquele carrinho,
interessou-lhe mesmo as “batatas sorriso”, que ele descreveu como sendo as
“batatas com carinha feliz” que o homem estava levando para casa.
Participando a tudo, o dono do carrinho não disfarçou certa dose de satisfação
pelo plágio inocente do garoto, cometendo, por fim, plágio maior, só que em
relação às batatas, abrindo largamente um sorriso amarelo.
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