quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Eu, ele e o gato





                 Ao caminhar com o Gustavo (meu filho de cinco anos) pelas ruas íngremes do condomínio, passamos por um gato que se mostrou arredio ao chamado do menino. De fato, aquele gato não queria saber de conversa...
                 Alguns metros depois, passou por nós um carro da Polícia Militar. O menino acena, e grita:
                 -Ei, polícia, vem prender o gato.
                 - Mas, sob qual acusação?- protestei.
                 -Ele come passarinho!
            -Ei, como assim? E a gente não come? A gente come frango, que é ave tanto quanto o passarinho.
                 -Mas isso a polícia deixa, mamãe- respondeu de pronto.
                O causo tinha ainda muito para complicar, motivo pelo qual o provoquei:
                -E se for frango à passarinho?
               Após um momento em silêncio, concluiu:
               -Ah, isso não pode também.
     Lições dessa nossa caminhada: que culpa tem o gato, se não é vegetariano? Que culpa tenho eu, se como frango? Ora, somos vítimas de nossos próprios preconceitos. Nesse caso, a culpa é toda da semântica.

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