As crianças foram cruéis com o
menino. Não entenderam, ou não tiveram a oportunidade de entender, que ele
havia passado por poucas e boas quando nasceu miúdo como bicho da maça. E havia
renascido das cinzas no mínimo três vezes, daquelas que conseguimos
contabilizar.
O menino, que não é matemático,
representa os 4% da genética materna e o 1% da genética populacional. E quando
cresceu, descobriu suas cicatrizes. As crianças também as descobriram nele.
Algumas fizeram chacotas.
Ele chegou para a mãe chorando as
pitangas que colheu na escola. Numa outra escola, aliás. Mas não se pode culpar
as crianças pela ausência de entendimento. Um dia muitas compreenderão que as
cicatrizes são carimbos de sobrevivência que a gente carrega ora na pele, ora
no coração.
A do menino é visível, em outros casos, porém, permanecem camufladas e doem por um bocado de tempo. Ninguém imagina que existam marcas tão profundas.
A do menino é visível, em outros casos, porém, permanecem camufladas e doem por um bocado de tempo. Ninguém imagina que existam marcas tão profundas.