O dia nove de julho me faz lembrar meu avô paterno, Silvio Penteado, e
os capítulos da História que contava para nós.
Ele gostava de narrar os anos que os
netos não viveram, mas que desfilavam diante dos olhos da nossa imaginação: a
Segunda Guerra Mundial, a Era Vargas, a Revolução Constitucionalista, sendo
esse último o seu trecho preferido.
Orgulhava-se do fato de ter vivido
aquele tempo, sobretudo porque sua Piracicaba havia sido representada no
conflito entre os jovens paulistas revolucionários e as tropas do governo
getulista, na capital do Estado. Piracicaba não só foi representada na Praça da
República, como também na sigla MMDC, correspondente à inicial do sobrenome dos
quatro jovens revolucionários mortos no conflito.
Tanto tempo se passou desde aquelas
conversas com meu avô - falecido há treze anos – que já nem me recordo qual
daqueles quatro jovens era natural de Piracicaba, e responsável por despertar o
entusiasmo nos olhos castanhos daquele senhor.
A maior parte do que conheci sobre o
episódio foi por meio da visão dele, de modo que não saberia julgar esse
acontecimento, ocorrido em 1932. Mas seja lá quem estivesse com a razão, se São
Paulo ou o resto do país - a essa altura nem vem ao caso -, nenhuma linha que
li a esse respeito se compara ao que escutei na voz do meu avô, uma testemunha
ocular dos fatos, se posso assim dizer.
Pudéramos, hoje, levar adiante esse
exemplo e não deixar morrer a nossa história. A realidade que nossos filhos e
netos conhecerão, ou deixarão de conhecer, dependerá de ser contada por nós e
não somente pelos livros didáticos. Sem dúvida, os grandes autores deixam sua
marca e influência, contudo, somos nós, os anônimos do dia a dia, que
transmitimos um legado. Resta-nos a incumbência de escrevê-lo.
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