quarta-feira, 4 de março de 2009

Sobre vida e mar.

Gosto de falar sobre a vida em todos os seus sentidos e abrangências. Confesso não saber discuti-la através de uma visão existencialista. Admiro profundamente quem o saiba. Também não sei nadar, por isso sempre evito alto-mar. Sou daquelas que se diverte pulando as ondas mais rasas. Acho difícil organizar todas as cores numa palheta, assim como me confundo ao escutar todas as falas da minha alma. Mais um motivo para continuar pulando ondas à beira da filosofia. Quem sabe um dia aprenda a nadar e encare uma reflexão realmente densa em mar bravio.
Acabei de ler um dos clássicos da literatura mundial, “Hamlet”. Por mais que enalteçam a vida, as belas obras de Shakespeare convergem para o final trágico. Mas neste caso, a morte coroa com magnitude a existência humana. Embriagado pela emoção momentânea , o público aplaude o final apoteótico que encerra a saga do príncipe Hamlet, do reino da Dianamarca. Ovacionados pela platéia, os atores se recompõem do seu estado morimbundo e voltam à vida.
Ufa. Tudo não passa de uma encenação. De uma obra genial, diga-se de passagem.
Shakespeare me recuperou à lembrança certo autor cujas obras se baseiam em uma total incoerência no tocante a ordem natural vida e morte. Este autor deixou um legado de muitas obras que podem ser consideradas como clássicos, não apenas da literatura mundial. As obras pertencem a um livro que sobreviveu aos leões dos circos romanos, às fogueiras da idade média, ao racionalismo iluminista, ao materialismo, hipocrisia e excentricidade humana.
Existe algo de espetacular em suas entrelinhas que não se encontra em nenhuma outra obra. É possível sentir a vida fluindo de suas páginas conforme se avança na leitura. O autor a quem me refiro é Jesus de Nazaré, cujo tomo das obras está disponível a qualquer homem e em qualquer época, na Bíblia, mais conhecida como Palavra de Deus.
As obras deste Mestre me surpreendem pela ternura e poder. Ninguém antes ou depois Dele conseguiu cativar número maior de seguidores, porque Jesus é o amigo das multidões. Das multidões de famintos que alimentou com pão, peixe e palavras de vida. O autor dos milagres, de alcunha Cristo, gerou histórias reais totalmente ilógicas para nosso parco entendimento: em uma delas a cena se iniciou com uma criança morta e culminou com a mesma criança, viva. Ele ainda pediu que trouxessem comida para a menina. Eis a incoerência da qual me referi. Bendita incoerência que traz coesão à vida. Eis aí, um final apoteótico digno de aplausos. Mas Ele não pediu louvores, em lugar deles, recebeu escárnio.
O Senhor dos mares que acalmou tempestades. O Senhor dos ventos que domou ventanias. O Filho de Deus que andou sobre o mar da Galiléia. Cruzou as águas da Palestina num barco de pescadores e atravessou as ruas de Jerusalém montado num jumentinho emprestado. No entanto, se fez o único acesso da morte para a vida.
Jesus foi muito longe para que chegássemos mais perto da eternidade. Ao morrer venceu o "para sempre" da morte. Ao ressuscitar trouxe a vida eterna com Ele. De modo que todos recebam a oportunidade para mudar o rumo do barco, içar velas, levantar âncoras...
Por maior que seja o sofrimento humano, nada se compara ao conforto que está por vir àqueles que compreendem o teor desta mensagem. E que mensagem.
É desta Vida de que estou falando. Jesus está para ela assim como a água está para o mar. Viver é preciso. Talvez, nadar seja preciso...

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