Cá estou,
novamente, soprando algumas palavras...
Vento sereno, como descrevê-lo sem
vê-lo, sem ao menos tocá-lo? Ao menos você me toca, enquanto o sinto fresco,
roçando minha pele. Ao menos eu o escuto poetar entre as folhas das árvores
alvorossadas, enquanto beijadas. Não, definitivamente, não preciso vê-lo
para sabê-lo. Basta saber sentí-lo sem precisar definir seus limites, que se
confundem aos meus conceitos de infinito. De onde veio? Para onde irá? Para
quais pensamentos seu sopro me guiará?
De repente, você se faz ausente. Noutro
instante, retorna em uma corrente ainda mais efusiva. Chacoalha as folhas como
nunca! Retorna e me entorna de sua presença massiva.
Se faz assim, sempre presente,
embora as vezes eu não o perceba dedilhando minha pele, beliscando meus
sentidos, refrescando minha vida, sereno. Vento, sua amplitude proclama a
glória do Eterno, de cujo trono, você é distribuído ao mundo. Quão maiores são
os pensamentos do Deus Altíssimo, que habita nas alturas e na profundidade do
meu coração, onde vento algum alcança.