Bem vindo ao século do boom científico. Ontem nos contentávamos em clonar um organismo pluricelular. Hoje há quem construa organismos unicelulares. Os mais entusiasmados dizem ser o início de uma nova Criação.
É verdade que ainda não chegamos ao propósito pelo qual se faz Ciência que, em suma, é postergar a morte em prol da vida. Mas somos levados a acreditar que o ser humano caminha a passos bem mais largos em direção a este fim. Não há como ficar omisso à avalanche de artigos científicos que deslumbram atalhos, divulgam descobertas e promovem esperança.
Temos tecnologia de ponta à nossa disposição nas lojas dos shoppings. Basta ter dinheiro para adquirir produtos da mais alta tecnologia, como máquinas que lavam e secam roupas automaticamente, câmeras digitais de crescentes megapixels, tablets, iPhones; apenas citando alguns exemplos do nosso cotidiano. Em vários setores, a tecnologia se encarrega de oferecer ao homem uma vida com máximo conforto.
Pensa-se que o ser humano aos poucos se torna auto-suficiente a exemplo de suas máquinas que lavam e secam roupas de uma vez. Poderá a ciência nos dar tudo que queremos? Por meio dela poderemos ser tudo que ordenarmos?
Diante deste cenário promissor (tanto quanto ficcional) me atenho a observar pessoas. Existe um vazio não verbalizado retido nas entrelinhas. Há, sim, uma geração crente de que a vida se baseia neste contexto material. Aqueles que pregam a doutrina do auto suficienticismo. “Por favor, deixem Deus fora disso”. É a moda da vez.
Por outro lado, admiro homens e mulheres que, imersos no meio científico não dispensam Deus simplesmente porque o genoma humano foi totalmente sequenciado. Não me esqueço das palavras do cirurgião cardíaco para quem entreguei meu filho recém-nascido na porta do centro cirúrgico: “Mãe, se você tem fé, ore por nós”.
Sim, existe uma dimensão em que a ciência não alcança com seu poder de persuasão. Por mais que tenha se preparado tecnicamente e, por mais que deseje a vida para seu paciente, o médico não é capaz de impedir a morte. Embora a ciência nos prometa a eternidade, até agora só nos convenceu de nossa mortalidade.
Alguns julgam que, entregar suas escolhas para Deus, com todas as suas implicações, é o caminho mais fácil a seguir. Porquanto, quando o conhecimento humano chega ao seu limite na resolução de uma causa considerada humanamente impossível, não há caminho mais desafiador do que entregar tudo nas mãos de Deus. Sorte daqueles, cuja fé alcançar esta mão.
* Em latim: “como quero, assim ordeno”.